Projeto da UEL quer recompor linhagem do rebanho nelore
PUBLICAÇÃO
sábado, 29 de janeiro de 2000
Oswaldo Petrin
De Londrina
Um projeto para melhorar o gado nelore, através da importação de linhagens puras do criatório Hiderabad - considerado berço do zebu na Índia -, foi anunciado ontem pelo reitor da Universidade Estadual de Londrina, Jackson Proença Testa, em entrevista à imprensa, ontem de manhã, que contou com o deputado federal Abelardo Lupion (PFL) e do reitor da Unopar, Marco A. Lafranchi.
O objetivo é manter a qualidade racial e zootécnica da raça que, depois de muitos anos no Brasil, dá sinais de consanguinidade e risco de perdas de algumas de suas principais características originais. Um convênio entre a UEL e a Achariya University, da Índia, vai permitir a condução científica da importação de embriões e sêmen que vão compor o banco genético da UEL. Na contrapartida do convênio, a Achariya University receberá embriões de gado leiteiro do Brasil.
O reitor Jackson Proença Testa disse que Londrina será o referencial de melhoramento do nelore no Brasil e terá o melhor banco genético (germoplasma) para formação de um plantel multiplicador de atributos como maior velocidade de ganho de peso e maior produção de leite para os terneiros. Selecionado e com progênie, o plantel, acompanhado pelos técnicos, terá seu sêmen disponibilizado aos criadores paranaenses que se habilitarem ao projeto de melhoria do seu plantel.
O deputado Lupion membro da Comissão Parlamentar Brasil-Índia que dá apoio ao convênio, prevê que o sêmen será repassado aos produtores a um preço acessível, cerca de US$ 30 por ampola. Segundo Lupion, a iniciativa possibilitará a rápida disseminação e difusão de animais de alta linhagem. Ele acha que o plantel de nelore no Brasil, hoje, está precisando desse choque de sangue.
Perguntado se a iniciativa se baseia em algum estudo sobre demanda dos criadores, Lupion disse que eles estão muito interessados e o projeto tem o apoio da associação que os representas, a ABCZ. Contudo, admitiu que a idéia de democratizar a melhoria do rebanho facilitando o acesso ao melhoramento, deva contraria algumas igrejinhas de criadores conservadores. Mas o número de beneficiados é bem maior. Segundo o reitor Jackson Proença Testa, todos terão acesso ao material genético da UEL, que além da qualidade genética tem a vantagem da isenção de patologias.
As primeiras importações devem ocorrer ainda este ano. Mas há algumas etapas a serem queimadas. As etapas são as seguintes: a) Revogação da portaria que proíbe a importação de animais da India, que vigora desde 1962; b) Liberação, por parte do governo indiano, das exportações para o Brasil. O ministro da agricultura daquele País garantiu que a liberação ocorrerá tão logo o governo brasileiro revoge a portaria que proíbe importações; c) Visita de técnicos do Ministério da Agricultura ao criatório indiano conveniado com a UEL; d) Aval da Organização Internacional de Epizootiase (OIE) para a Índia exportar; e) Inspeções aos laboratórios das universidades envolvidos no convênio; f) Aprovação de relatório técnico à OIE. Segundo Lupion, a região de Hiderabad é declarada isenta da peste bovina.
Além de resgatar a pureza racial do nelore e pulverizar/democratizar facilitando o acesso de pequenos criadores, o convênio vai pôr ordem na casa em matéria de expansão da raça zebuína, segundo o deputado Lupion. É que, com a proibição das importações, está havendo contrabando de sêmen, o que coloca em dúvida a legitimidade da raça. Além disso beneficia uns poucos privilegiados, quando o interesse é elevar o padrão de todo o plantel de nelore no Brasil.
