A inflação que abocanhou o poder de compra dos brasileiros ao longo de todo ano não poupou os itens da ceia de Natal e, em 2021, as comemorações em família devem pesar ainda mais no bolso dos consumidores. Uma prévia do levantamento realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) apontou alta de quase 6% no preço da cesta natalina na comparação com o ano anterior, mas alguns produtos registraram aumento bem maior, chegando a 26%. Com os reajustes, fazer os gastos com as ceias de Natal e Ano Novo se encaixarem no orçamento doméstico requer habilidade financeira e muita pesquisa.

Imagem ilustrativa da imagem Produtos típicos de Natal e Ano Novo sobem até 26%, aponta pesquisa
| Foto: Gustavo Carneiro

O estudo da Fipe computou alta de 5,91% no preço final da cesta de Natal entre 2020 e 2021, saltando de R$ 309,86 para R$ 328,17. O cálculo considera a variação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) dos produtos avaliados numa comparação entre a segunda quadrissemana de dezembro de 2020 com os valores fechados em outubro deste ano. Segundo a pesquisa, alguns produtos sazonais, como peru e chester, costumam ter oscilações fortes em novembro e dezembro, o que pode empurrar ainda mais para cima o preço final da cesta.

O maior aumento observado foi no preço do panetone tradicional, de frutas cristalizadas, com 500 gramas. De um ano para outro, o produto sofreu uma variação de 25,96%. Nesta segunda-feira (13), a FOLHA percorreu três lojas de três redes diferentes de supermercados e o item variava de R$ 7,99 a R$ 19,99, dependendo da marca.

As carnes também tiveram um reajuste considerável neste ano. O peru, um dos produtos mais consumidos nas ceias, sofreu variação de 7,27%, segundo a Fipe, mas a reportagem constatou uma alta ainda maior. No ano passado, o preço do quilo da ave podia ser encontrado por cerca de R$ 18. Neste ano, não sai por menos de R$ 24, aumento de 33%. Um peru de quase cinco quilos pronto para ir ao forno não sai por menos de R$ 98 e pode chegar a R$ 119. O lombo suíno temperado custa em torno de R$ 60 o quilo e o tender, varia de R$ 49 a R$ 59.

As nozes e as frutas secas, bastante utilizadas no preparo de acompanhamentos, custam entre R$ 4 e R$ 20 o pote de cem gramas. Ameixas e uvas passas são mais em conta enquanto nozes, damascos, avelãs, amêndoas e pistache têm preços mais elevados. Para não perderem os sabores natalinos do arroz e da farofa, as donas de casa terão de fazer adaptações nas receitas se quiserem economizar.

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Para brindar o nascimento de Jesus Cristo e a chegada de 2022 também será preciso reservar um pouco mais de dinheiro. A Fipe anotou uma variação positiva de 4,75% no preço do champanhe. Mas mesmo quem opta pela sidra, substituta mais em conta, pode ter uma surpresa. Na comparação feita pela reportagem, a bebida teve alta de aproximadamente 12%. Uma garrafa da marca mais barata encontrada nos supermercados sai por R$ 8.

Entre os produtos listados pela Fipe que tiveram reajuste neste ano estão ainda azeite de oliva extra virgem (4,79%), palmito inteiro tipo pupunha (7,58%), azeitona verde com caroço (21,91%), bacalhau (12,34%), farofa (13,45%) e as frutas, como uva, pêssego e morango, que subiram de 3,83% até 25,35% de um ano para outro.

O representante comercial João Luiz Cardoso de Souza aproveitou a ida ao supermercado nesta segunda-feira para fazer uma rápida pesquisa de preços. O foco eraem as carnes que ele pretende comprar para o churrasco da família no final do ano. “Não tem condições. Está muito caro. Vai ser churrasco de frango, linguiça, pão e vinagrete. A picanha só vai comer quem chegar cedo”, brincou. “Até o carvão subiu de preço e nem dá para beber muito para esquecer da inflação porque a bebida também está cara.”

Mesmo adepta de uma dieta vegetariana, a educadora física Carla Maria Matias Queiroz tenta fazer a lista de compras se encaixar no orçamento da família. Nos últimos meses, ela percebeu altas sucessivas nos preços dos hortifrutis e calcula que os gastos neste ano devem ficar de 20% a 30% acima do que desembolsou para preparar as comemorações em 2020. “Ao contrário do ano passado, quando as festas aconteceram na minha casa, só com meu marido e meus filhos, por causa da pandemia, neste ano vamos voltar a nos reunir com avós, pais, sogros, tios, primos e sobrinhos. Não sei se vai ajudar a economizar porque vamos dividir as despesas ou se vai acabar ficando mais caro por causa da maior quantidade de pessoas. De qualquer forma, os preços estão absurdos”, concluiu.