Preparar a ceia de Natal ficou mais caro neste ano. Os produtos que tradicionalmente recheiam a mesa dos brasileiros tiveram alta de quase 100% nos preços em 2020. O pernil está entre os itens com maior variação. O preço do quilo da carne suína saltou 91,7% em relação ao ano passado, segundo apontou levantamento feito pelo Cepecon (Centro de Pesquisas Econômicas e Aplicadas) da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana). Pesquisar antes de comprar é sempre uma prática recomendada, em qualquer circunstância, mas nesta época a comparação de valores entre os supermercados pode fazer uma boa diferença no custo final das comemorações. A FOLHA percorreu lojas de três redes de supermercados em Londrina e constatou que a variação de preço pode passar de 60% entre uma e outra.

Imagem ilustrativa da imagem Produtos natalinos registram alta de quase 100%
| Foto: Gustavo Carneiro

As carnes, que costumam ser o prato principal das ceias, custam entre R$ 12 e R$ 50 o quilo, dependendo do tipo e do corte. O preço do peru, por exemplo, varia de R$ 17,98 a R$ 30 o quilo. Uma ave temperada e pronta para ser levada ao forno pode custar R$ 92. O pernil suíno também varia de acordo com a disposição do cozinheiro para preparar o prato. Nos açougues dos supermercados, o corte pode sair por menos de R$ 13 o quilo ou R$ 34,90 se o produto já vier desossado e temperado. O chester custa, em média, R$ 18 o quilo e o tender, R$ 49,98.

A ida ao supermercado confirma os dados levantados pelo estudo do Cepecon, que apontou alta de 7,6% no preço do peru e de 25,7% no lombo, na comparação com dezembro de 2019. Já o frango está 31% mais caro que no ano passado.

Entre os panetones disponíveis nas gôndolas, a oscilação de preços de uma marca para outra também é grande. A receita tradicional, com frutas cristalizadas, pode custar de R$ 5,99 e chegar até perto de R$ 20 a unidade de 500 gramas. O panetone de uma das marcas mais conhecidas do mercado sai entre R$ 15,98 e R$ 19,90 de uma loja para outra, uma flutuação de mais de 24%. O Cepecon constatou aumento de 45,2% no preço do panetone entre 2019 e 2020.

Festa menor

Na casa da professora aposentada Therezinha Cardoso Schianti as celebrações neste ano serão mais modestas em razão da pandemia. A família numerosa não vai se reunir e a ceia e o almoço de Natal terão a presença apenas dos filhos e netos, o que deve reduzir a produção culinária e também os custos. Ainda assim, ao calcular o quanto deve gastar no preparo dos quitutes que fazem tanto sucesso, ela se assustou. “Se fosse para reunir a família toda como sempre fazemos, meus gastos neste ano ficariam entre 30% e 40% maiores do que no ano passado. O coronavírus dividiu os parentes, mas não fez muita diferença nos gastos com a ceia. As castanhas e frutas secas, eu quase caí de costas quando vi o preço.”

Quem, assim como a dona Therezinha, não abre mão de nozes, avelãs, damascos e ameixas nos preparos dos pratos principais ou mesmo para petiscar antes da ceia, tem que se preparar. Uma embalagem com cem gramas de nozes pode custar R$ 16,59 para o consumidor que não faz pesquisa de preços. A ameixa seca, um pouco mais em conta, sai por cerca de R$ 11 o pacote com 200 gramas.

A polêmica uva passa foi o item natalino que sofreu a maior variação de preço entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020, com alta de 37,6%, apontou o Cepecon. Quando a comparação é feita entre os supermercados, porém, a diferença pode chegar a 139,1%, alertou a pesquisa. Na comparação feita pela FOLHA, o pote de cem gramas de uva passa era vendido por R$ 2,09 em um supermercado e R$ 4,34 em outro - uma diferença de mais de 100%.

A dona de casa Marisa Cristina Luiz também diminuiu de 18 para oito o número de parentes que estarão presentes nas comemorações por causa da pandemia, mas com a alta observada nos preços dos produtos, a economia não deve ser proporcional ao corte no número de convidados. “Tudo tem subido muito de preço, o ano todo. A cada vez que a gente vem ao mercado, gasta um pouco mais para levar o mesmo tanto de coisas. Mas agora no Natal eu acho que está pior. Vim com a intenção de comprar uns produtos, mas estou levando outros no lugar para não pesar no bolso. Vou ter que fazer adaptações no cardápio. Não tem outro jeito.”

Queda no preço

Conforme a pesquisa do Cepecon, os únicos produtos que ficaram mais baratos neste Natal foram o chester (-23,2%) e a sidra, que teve queda de 14,5% em relação a dezembro do ano passado. Mas mesmo com essa queda, a diferença entre os locais de compra ainda é grande. Nos supermercados visitados pela reportagem, os valores variavam de R$ 7,90 a R$ 13,90 – 75,94% de diferença entre um local e outro.

Crescimento

A Apras (Associação Paranaense de Supermercados) acredita que este final de ano será um pouco mais restritivo e a população buscará opções para equilibrar o orçamento. O consumidor estará mais atento às ofertas, fará mais pesquisas de preço e irá escolher produtos com boa relação custo-benefício. Como as ceias terão grupos menores de pessoas devido ao novo coronavírus, a entidade prevê uma maior quantidade de tickets, porém com valores mais baixos. Até agosto, o setor supermercadista registrou crescimento de 3,94% e a estimativa é fechar o ano com crescimento real de mais de 3%.

Aplicativo

Com a situação da Covid-19 se agravando no Estado, o Cepecon orienta os consumidores a fazerem a consulta de preços pelo aplicativo Menor Preço, do Nota Paraná, por meio do qual é possível saber o estabelecimento que pratica o preço mais em conta para cada produto. O aplicativo é gratuito e está disponível para os sistemas Android e iOS. A consulta também pode ser feita pelo site menorpreco.notaparana.pr.gov.br.

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