O representante comercial F. G.J., 42 anos, foi preso na manhã de ontem na cidade de Ponta Grossa (110 km de Curitiba). Ele estava sendo procurado pela polícia há quatro meses sob acusação de fazer parte do ‘Clube dos 60’, quadrilha acusada de ter fraudado o ICMS e INSS em mais de R$ 30 milhões.


G. passou o dia na Delegacia de Vigilância e Capturas e no final da tarde prestou depoimento ao juiz da 2ª Vara da Justiça Federal, Rodrigo Kravetz. Em seguida, foi escoltado até a superintendência da Polícia Federal, onde ficará preso junto com o empresário A.C., tido como cabeça da quadrilha.


O golpe do Clube dos 60 consistia em intermediar o pagamento de impostos atrasados para empresas inadimplentes. A transação era feita com a conivência de funcionários da Receita e Banestado, que facilitavam a fraude. As empresas devedoras ‘‘quitavam’’ os débitos com desconto de 40%. O pagamento da dívida se dava apenas na parte contábil. O dinheiro era desviado e dividido entre os envolvidos. O Banco Central apurou que parte do montante conseguido pelo grupo foi parar em bancos estrangeiros. Vinte e sete empresas estariam envolvidas.


G. e os demais integrantes respondem por estelionato nas justiças Estadual e Federal. Ele teria se envolvido no esquema ao emprestar uma de suas contas bancárias para aplicar o golpe. Grande parte do dinheiro arrecadado com o ‘pagamento’ dos impostos teria passado pela conta de G..
O representante comercial admite que uma de suas contas bancárias foi usada por A.C., mas afirma que não sabia do esquema. ‘‘Por amizade, eu deixei ele usar a minha conta no banco’’, diz G., ao garantir que não se beneficiou com o esquema.


G. contou ao juiz que chegou a assinar dezenas de cheques em branco para A.C.. Segundo ele, C. era a única pessoa que movimentava o dinheiro da conta bancária. ‘‘Fui ingênuo. Me deixei envolver nesta encrenca, mas os extratos mostram que eu não movimentei nada no banco’’, alega.


A polícia parece não acreditar na versão dele. Ao ser preso ele teria admitido que recebeu R$ 150 mil para intermediar o golpe. ‘‘Os indícios apontam para o envolvimento dele’’, afirmou o delegado Benedito Gonçalves Neto, da Delegacia de Vigilância e Capturas.


Na prisão, G. fará companhia aos empresários A.C. e A.J.A, sócio de C.. Os dois estão presos há cerca de cinco meses. O bancário E.C.A., funcionário do Banestado acusado de participar do golpe, também chegou a ser preso, mas foi solto por decisão da Justiça Estadual. Outro integrante do grupo, I.C., está preso na superintendência da Polícia Federal.