RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), entre outros, afugentou o PSOL e o coordenador do MTST Guilherme Boulos do ato virtual em comemoração ao Dia do Trabalho, nesta sexta-feira (1º).

Reunida na noite desta quarta-feira (29), a coordenação da Frente Povo Sem Medo decidiu deixar o ato, embora formalmente anunciada como uma de suas organizadoras.

Apesar de concordar com a participação deles nos movimentos em defesa da democracia, a chamada unidade democrática, Boulos alega que o 1º de Maio celebra a luta pela preservação dos direitos dos trabalhadores -contra os quais PSDB e DEM atuaram.

"Maia comandou a reforma da Previdência, esteve na linha de frente da reforma trabalhista e acaba de aprovar a carteira verde e amarela", afirma Boulos.

Pelo mesmo motivo, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, abriu mão de usar a palavra no palanque virtual. "O 1° de maio é o dia de luta dos trabalhadores. Respeito a autonomia das centrais sindicais, mas não me sinto à vontade pra dividir o palanque - mesmo que virtual - com quem está atacando direitos dos trabalhadores e trabalhadoras", afirmou Medeiros.

Batizado de "Saúde, emprego e renda. Em defesa da Democracia. Um novo mundo é possível", o ato será transmitido das 11h30 às 15h30.

Pela programação original, Boulos faria sua apresentação após a intervenção do presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, e antes do representante da Rede. A fala seria exibida antes da participação da ex-ministra Marina Silva.

De acordo com a programação, os discursos de FHC e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcarão o encerramento do ato virtual em comemoração ao Dia do Trabalhador. Transmitidas via internet, suas mensagens serão intercaladas pelas falas da vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PC do B), e dos presidentes das duas maiores centrais sindicais, CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical.

Além de Lula, FHC e Marina, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), participarão do ato, organizado por sete centrais além de CUT e Força Sindical. São elas: UGT, CSB, CTB, CGTB, NCST, Intersindical e A Publica, com o apoio da Frente Brasil Popular. Apesar de figurar no cartaz oficial, a Frente Povo Sem Medo deixou a organização.

Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, ocuparão esse palco virtual, bem como o governador do Rio Grande do Sul, o tucano Eduardo Leite.

A intervenção da ex-deputada Manoela D'Ávila será exibida logo depois da participação de um representante do PL e do PV. Essa diversidade provocou mal-estar e consequente saída de duas centrais que, originalmente, integravam a organização. Em protesto, a CSP-Conlutas e a Intersindical realizarão ato independente, convocando ainda um panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo com os desfalques, o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirma que o ato ditará qual ênfase se dará a dois movimentos que, em suas palavras, estão na praça: renúncia já ou impeachment de Bolsonaro.

"Estamos construindo um movimento como as Diretas Já! Bolsonaro que se cuide", diz Juruna.

Presidente da CGT, Adilson Araújo afirma que o momento político exige a unificação das forças que defendem a democracia.

"O presidente afronta os instituições. A democracia está ameaçada. Temos que nos unir em sua defesa", justificou.

Cerca de 30 artistas se apresentarão durante a Live 1º de Maio Solidário. Entre eles, Chico César, Zélia Duncan, Fernanda Takai, Toninho Geraes, Otto, Odair José, Leci Brandão, Marcelo Jeneci, Francis e Olivia Hime, o Titã Paulo Miklos. Já Chico Buarque enviará uma mensagem. Os atores Fábio Assunção, Gregorio Duvivier e Osmar Prado também falarão na live.