O prefeito Marcelo Belinati (PP) enviou nesta sexta-feira (10) pedido de reconsideração ao secretário estadual de Saúde, Beto Preto, para que a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) retire Londrina do decreto que recrudesceu as regras de isolamento social em 134 municípios de sete DRS (Diretorias Regionais de Saúde).

Imagem ilustrativa da imagem Prefeitura faz nova investida no Estado para encerrar quarentena em Londrina

A nova solicitação foi feita após conversa telefônica com o governador Ratinho Junior (PSD) e tem como base os números sobre ocupação de leitos de UTI (unidades de terapia intensiva) e enfermarias, que estavam, respectivamente, em 46% e 35%, de acordo com o documento.

No pedido, Belinati solicita que, após a análise dos dados, a 17ª Regional de Saúde, com sede em Londrina, seja excluída da quarentena imediatamente, ou, se não for possível, que não se estenda as restrições após a próxima terça (14).

A data é o limite previsto no decreto do governador que passou a vigorar no dia 1º de julho, com validade por 14 dias, mas, para as localidades onde o fechamento das atividades tidas como não essenciais começou em data posterior, este é o início para valer o prazo de duas semanas.

“Conversei esta manhã com o governador e expliquei a situação epidemiológica de Londrina, que não havia motivos para que não havia motivos para o fechamento. Conversamos e ele pediu para que enviasse um recurso formal e eu disse que já tinha feito. Então, enviei um reforço ao pedido”, explicou o prefeito. De acordo com ele, não houve dificuldade para falar com o governador, apenas um tipo de mal-entendido entre os chefes dos poderes. Veículos de comunicação de Londrina divulgaram nesta sexta (10) um áudio vazado atribuído a Belinati no qual ele reclama de dificuldades em entrar em contato com o governador.

Belinati voltou a reforçar que o pedido para manter as atividades comerciais operantes se dá porque as análises técnicas do Coesp (Centro de Operação de Emergências em Saúde Pública) de Londrina não indicam a existência de uma situação local que demande uma quarentena mais dura. “Já disse que, se fosse necessário, eu reuniria os representantes do comércio da cidade e choraríamos juntos [por um novo fechamento]. Mas não posso aceitar uma nova quarentena, sendo que os dados estatísticos mostram o contrário.”

No documento enviado à Sesa nesta sexta, o governo local argumenta que Londrina tem, em média, 259 casos confirmados do novo coronavírus por 100 mil habitantes, enquanto Maringá, que não foi incluída na quarentena de Ratinho, tem 269 casos por 100 mil habitantes.

Apesar de afirmar que Ratinho Junior pediu o recurso ao prefeito – que já havia sido enviado -, Belinati desconversou sobre o motivo pelo qual o governador não sabia do primeiro pedido. “Não entramos nesses pormenores”, afirmou.

A assessoria de comunicação do governo estadual destacou que a "alimentação dos dados é feita pelos municípios”. Informou ainda que "existe uma equação que leva em conta três fatores: mortalidade, capacidade hospitalar/leitos e número de infectados e que toda cidade que estiver com o número acima das normas está dentro das restrições do decreto e que estabelece a abertura só de atividades essenciais”. E ainda que, “de acordo com o próprio STF (Supremo Tribunal Federal), o município tem autonomia, mas com base em dados técnicos e científicos. E vale ressaltar que o cálculo leva em conta as três condições descritas - a média de corte do Paraná estava ontem em 1.22 - e o decreto leva em conta a Regional de Saúde na qual o município está inserido."

ANÁLISE TÉCNICA

Em relatório após a reunião nesta terça (7), ao qual a FOLHA teve acesso com exclusividade, o Coesp analisou que, nem nos piores cenários projetados, Londrina poderia ser enquadrado em uma quarentena mais restritiva.

De acordo com a análise, no caso mais grave de nível de transmissão do novo coronavírus, Londrina deveria ter, pelo menos, 73 leitos de UTI voltados para o tratamento de pacientes com a doença, enquanto o município tem à disposição, atualmente, 98 – outros 44 leitos devem passar estar disponíveis nos próximos dez dias, com a liberação deste número no HU (Hospital Universitário).

Ainda no relatório, os profissionais do Coesp avaliam que Londrina tem uma velocidade de crescimento de casos menor em relação a Curitiba, Cascavel e Maringá e que não há previsão de esgotamento de leitos de UTI para atendimento aos moradores de Londrina. Além disso, mesmo que resguardada a disponibilidade de cerca de 50% dos leitos para a Regional de Saúde, os profissionais não veem uma possibilidade de esgotamento dos leitos. Na última frase da discussão do cenário avaliado, os técnicos afirmam que não veem “indicativo de ampliação das medidas não farmacológicas já instituídas”. (Colaborou Walkiria Vieira)