Oswaldo Petrin
De Londrina
O preço de garantia para o trigo nesta safra, R$ 213,00/tonelada, anunciado esta semana pelo governo e confirmado ontem pelo ministro Pratini de Moraes, não corresponde à expectativa dos produtores e não cobre os custos de produção. As regras de comercialização não contemplam as propostas aprovadas pelo Seminário do Trigo, realizado em fevereiro, e encaminhadas ao governo pela Faep.
Entrevistado ontem por este jornal, o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Edison Mazei Ponti, um dos autores da proposta, disse que agora os produtores ficam praticamente sem opção para o inverno. Em conversa ontem, na Exposição, com o ministro Pratini de Moraes, Ponti mostrou as vantagens do prêmio de R$ 3,00/saca que beneficiaria o produtor sem onerar o orçamento do governo. Pelo que Ponti sentiu, o ministro não tinha tomado conhecimento, em detalhes, das propostas, que receberam a aprovação de mais de 400 técnicos e empresários de três Estados reunidos no Seminário do Trigo.
Bastaria que a Conab fizesse um leilão agora, lançando cerca de 100 mil sacas. Nem precisaria contemplar toda produção prevista (proposta era de 2 mil t). Um leilão agora seria suficiente para estimular o mercado e puxar o preço a um patamar viável.
‘‘Se o governo lançar um leilão agora, será suficiente para que o mercado sinalize com preços melhores do que vem praticando no momento’’, disse o presidente do Sindicato.
Indústria A Folha também ouviu o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), Roland Guth. Ele acha que o preço poderia ser melhor, ‘‘mas não é de todo ruim’’. Guth também acha que o governo demorou muito para anunciar o novo preço; isto fez com que o produtor ficasse indeciso. Poderia ter anunciado um mês atrás, segundo o presidente da Abitrigo, facilitando o planejamento da safra.
Sobre o mercado do trigo há setores otimistas, tanto na indústria como no campo. Esses setores estão prevendo uma comercialização com liquidez e um preço acima do anunciado pelo governo, podendo variar entre R$ 225,00 e R$ 230,00/tonelada. Motivo: a Argentina vendeu muito trigo para outros países e terá pouco trigo para fornecer ao Brasil, seu principal comprador. Isto vai elevar o preço do trigo nacional. Se este prognóstico se confirmar, a comercialização da nova safra vai fluir rapidamente como a anterior.
CPR, o bom negócio O sistema bancário deixou de destinar à agricultura cerca de R$ 500 milhões somente no último semestre do ano passado por dificuldades nas aplicações ou por falta de atrativos nos rendimentos do setor, segundo informação do ministro da Agricultura, Marcos Pratini de Moraes à Agência Estado. Agora, o governo quer reverter este quadro.
Para isso, o ministro desencadeou uma ofensiva junto aos bancos para mostrar que a agricultura pode ser um excelente negócio, especialmente depois do lançamento da CPR (Cédula do Produto Rural) com liquidação financeira e da
internacionalização das bolsas de mercadorias.