RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O preço do petróleo despencou pelo segundo dia consecutivo, com temores sobre excesso de oferta e o anúncio de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está com Covid-19. Após a sequência de quedas, as cotações atingiram os menores patamares desde junho.

Analistas dizem, porém, que o mercado está volátil e a queda atual pode não representar uma tendência. Por enquanto, o consumidor não deve esperar também cortes no preço da gasolina, já que o dólar, também usado pela Petrobras em sua política de preços, vem em alta.

Nesta sexta (2), o barril do Brent, referência internacional negociada em Londres, fechou em US$ 39,27 por barril, queda de 4,06%. Foi o primeiro fechamento abaixo de US$ 40 desde junho. Na semana, a queda acumulada é de 6,3%. Já o barril WTI, negociado em Nova York, caiu 4,31%, para US$ 37,05.

Para analistas, o cenário reflete dificuldades na retomada da demanda, diante dos riscos de novas ondas de contaminação pelo coronavírus, e o corte abaixo do esperado na produção de países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que acordaram reduzir os volumes em abril.

Além disso, a notícia da contaminação de Trump e da primeira-dama americana Melania levantaram temores sobre um foco de Covid-19 na Casa Branca, em meio a dificuldades para controlar a pandemia no país.

"Tem sido uma semana difícil e agora o diagnóstico do presidente estremece os mercados", disse à Reuters John Kilduff, sócio na Again Capital. "A pandemia de Covid-19 tem pesado mais sobre o mercado de petróleo do que sobre qualquer outro tipo de altivo."

Para a Abicom (Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis), mesmo com a queda lá fora, os preços aqui no Brasil continuam em linha com o mercado internacional, diante da cotação do dólar. No caso do diesel, diz a entidade, o preço interno está R$ 0,03 acima do mercado internacional.

Na quarta (30), a Petrobras elevou os preços da gasolina e do diesel, em 5% e 3%, respectivamente, considerando a desvalorização do real ante o dólar. A política de preços da estatal considera a cotação do petróleo, o câmbio e os custos para importar os produtos.

A Guide Investimentos destacou em relatório que a queda nas cotações levou a empresa a um dos piores desempenhos da bolsa nesta sexta, ofuscando o resultado de julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal), que no dia anterior liberou a empresa para vender refinarias sem aval do Congresso.

Nesta sexta, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) informou que a produção de petróleo no pré-sal bateu recorde pelo segundo mês consecutivo, atingindo a marca de 2,776 milhões de barris de petróleo e gpas por dia.

Foram 2,201 milhões de barris de petróleo e 91,398 milhões de metros cúbicos de gás natural, em média, por dia. Considerando campos fora do pré-sal, a produção nacional foi de 3,927 milhões de barris de óleo e gás por dia, 3,087 milhões de barris de petróleo e 134 milhões de metros cúbicos de gás natural.