O preço do pão francês nunca esteve tão alto em Londrina. Os constantes reajustes do trigo nos mercados interno e externo elevaram o custo ao consumidor que, na média dos supermercados da cidade, já está sendo vendido por R$ 5,13 o quilo. É o maior valor dos últimos sete anos, um reajuste de 21,2% nos últimos 12 meses. Nas padarias o preço é ainda maior, chegando aos R$ 7 o quilo. O custo da farinha de trigo também subiu fortemente nos últimos 12 meses no varejo paranaense. Em média, o preço da farinha comum teve alta de 44%, enquanto a farinha especial acumula reajuste superior a 30% (veja quadro).
Segundo o economista Flávio Oliveira dos Santos, coordenador da pesquisa que acompanha a evolução dos preços da cesta básica, o maior preço atingido pelo pão francês foi R$ 5 o quilo e isso ocorreu entre setembro e dezembro de 2003. ''Naquele período foi registrada uma inflação, devido ao aumento do dólar, só que o dólar caiu, mas os preços não'', avalia. Além disso, a tendência é que os preços se mantenham em alta devido à elevação dos custos de produção e à dependência interna de trigo, uma vez que o Brasil precisa importar, pelo menos, 70% do grão consumido. Nem mesmo as medidas anunciadas pelo governo federal na semana passada devem contribuir para a queda de preços.
O governo deverá suspender, até o fim do ano, a cobrança do PIS e da Cofins sobre o pão francês, o trigo e a farinha de trigo. Também deverá ficar suspensa no mesmo prazo a cobrança do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante nas importações de trigo. E será prorrogado até 31 de agosto o prazo de importação do trigo in natura com tarifa zero, medida aprovada pela Câmara de Comércio Exterior. Para Joaquim Gonçalves, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria no Estado do Paraná, as medidas anunciadas não devem reduzir o preço ao consumidor final.
A explicação é de que a desoneração da PIS/Cofins não tem impacto sobre 95% das padarias, ligadas ao regime do Supersimples, onde há a cobrança apenas da alíquota única sobre a receita. ''A grande maioria é micro ou pequena empresa e, por isso, não vai afetar o preço na ponta. As medidas até são benéficas, mas não devem chegar ao consumidor'', avalia. Sobre a redução do preço da farinha, principal matéria-prima do pão, ele acredita que o preço não cairá no curto prazo, uma vez que os moinhos anteciparam as compras de trigo com preço maior. Segundo ele, a farinha representa entre 30% e 35% do custo do pão francês.
Já o preço da farinha de trigo deve cair no mercado 9,5%. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Paraná (Sindustrigo-PR), Roland Guth, o trigo representa cerca de 75% do custo da farinha. ''Mas o preço irá depender também do preço do trigo que está com mercado volátil e em tendência de alta'', diz. Em média os moinhos paranaenses usam 80% de trigo produzido no Paraná e 20% importados ou oriundos do Rio Grande do Sul. O Brasil consome cerca de 10 milhões de toneladas e tem que importar 7 milhões de toneladas.