O preço do algodão no mercado não está cobrindo o custo de produção dos agricultores. O alerta é do Departamento de Economia Rural (Deral), e mesmo estando no início da colheita, com aproximadamente 5% do algodão já colhido, não há expectativas de que o preço venha a melhorar. Ontem, a média de comercialização no Paraná, foi de R$ 8,71 – apenas R$ 0,71 acima do preço mínimo tabelado pelo governo. ‘‘O produtor está gastando com a produção em média R$ 10 por arroba. E devido à grande oferta do produto, não acredito que o preço vai melhorar’’, destacou a engenheira agrônoma do Deral, Vera Zardo.
No ano passado, no início de março, o preço de comercialização do produto variou entre R$ 9,77 e R$ 10,50, o que animou o mercado paranense e estimulou o aumento de área de produção deste ano – de 54 mil hectares (ha), passou a ter 65 mil ha. A expectativa de produção é de 144 mil toneladas de algodão em caroço e 52 mil toneladas de algodão em pluma.
No Brasil, a produção deve ter aumento médio de 21%, chegando a 848 mil t, contra as 700 mil t colhidas em 2000. Com expectativa de exportar 120 mil t, quatro vezes mais em relação ao ano passado.
Para o diretor administrativo da Cooperativa Agropecuária dos Cafeeicultores de Porecatu Ltda, Antonio Carlos Furlaneto, somente o produtor que tiver uma boa produtividade não terá problemas. ‘‘O produtor precisa ter uma produção de 450 arrobas por alqueire para evitar prejuízos’’, comentou. Mas segundo o Deral, a média paranaense é de 370 arrobas/alqueire. ‘‘Temos a grande produção da China, aliada à recessão do mercado americano que diretamente influi no poder de compra exterior’’, salientou Luiz Yamashita, gerente comercial da Cooperativa Integrada, em Londrina.
E a situação pode piorar. ‘‘Somos o primeiro estado a colher o algodão e realmente não esperávamos que a comercialização começasse com um preço tão baixo. O governo não pode esperar dois meses para tomar uma atitude e começar a usar os artifícios que dispõem como PEP e contratos opção, para não permitir que a situação fique caótica’’, ressaltou Almir Montecelli, presidente da Cooperativa Central de Algodão (Coceal).
A Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), que representa sete associações estaduais, deve se reunir no dia 14 com o Ministro da Agricultura, Marcos Vinícius Pratini de Moraes, para debater sobre formas de melhorar a comercialização do produto.