Agência Estado
De São Paulo
Após dois anos de investimentos na expansão da base de clientes, as companhias de telefonia celular devem intensificar em 2000 os esforços para ampliar a rede. Até agora as operadoras vinham subsidiando fortemente os telefones celulares – cerca de 40% do custo do aparelho eram assumidos pelas empresas via descontos e oferta de serviços gratuitos. Mas os preços devem continuar caindo.
A tendência este ano é que as distribuidoras de celulares retomem a compra e a venda dos aparelhos, segundo o diretor executivo da CellStar, João Carlos Zampini. A CellStar é a maior distribuidora do País, tendo negociado 800 mil aparelhos em 1999. Dos seis milhões de celulares comercializados no ano passado, apenas 1,2 milhão o foram pelas distribuidoras. As operadoras celulares foram responsáveis por 80% do volume contratado com os fornecedores.
‘‘A expectativa para este ano é de venda de 8,5 milhões de celulares’’, afirmou Zampini. O executivo esclarece que as operadoras querem investir na infra-estrutura, reduzindo os aportes necessários para a compra maciça de celulares. Os prazos de pagamento aos fornecedores, segundo Zampini, variam de 35 a 40 dias. ‘‘A operadoras não querem usar linhas de crédito para isso’’, disse. Ele garantiu, no entanto, que a retomada do mercado de celulares pelas distribuídoras não vai representar aumento de preços, mesmo porque os consumidores não aceitariam. ‘‘O preço vem caindo a cada trimestre’’, afirmou.
De acordo com o diretor, continuará havendo subsídios indiretos para um modelo ou outro, como a gratuidade na taxa de ativação. A CellStar aposta que vai conseguir uma pequena margem na comercialização de celulares e permanecerá no setor de serviços. Além da programação de aparelhos para a Nokia/Gradiente, uma das novas atividades da empresa é o recondicionamento de celulares para revenda como pré-pagos em cidades do interior do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
‘‘Passei de distribuidor de celulares para prestador de serviços’’, comentou Zampini. Ele não está eufórico, mas não reclama da volta à atividade de distribuição, alegando que vai retomar a relação com os fornecedores e os clientes. De meados de 1999 para cá, os serviços passaram a responder por 15% da receita da CellStar, que foi de R$ 530 milhões no ano passado. Zampini estima que essa receita se repita este ano. Em 1998, o faturamento foi de R$ 190 milhões.
A história do desempenho da CellStar é um retrato da expansão do mercado de celulares no País. Em 1996, quando um modelo StarTac, da Motorola, custava US$ 1500, a CellStar faturava R$ 1,5 milhão ao mês. Atualmente, esse aparelho, por exemplo, custa R$ 200 e a empresa fatura mais de R$ 40 milhões mensais.