São Paulo - O aumento no preço dos alimentos e das bebidas foi um dos fatores que contribuíram para a inflação fechar outubro acima do esperado, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta (8).

A maior variação neste grupo veio das carnes bovinas, que ficaram 5,81% mais caras em outubro, o segundo maior impacto na inflação, atrás apenas da energia elétrica. Os cortes com maior impacto foram acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Foi a maior variação mensal das carnes desde novembro de 2020, quando o índice foi de 6,54%. No acumulado de 12 meses, a carne subiu 4,76% e, no ano a alta é de 3,88%.

O aumento no grupo foi influenciado também pelo preço dos óleos e de gorduras e pescados, que ficaram 2,91% e 1,52% mais caros, respectivamente. Bebidas e infusões (1,5%) e leites e derivados (1,3%) fecham a lista dos cinco itens que mais tiveram aumento dos preços no grupo "alimentação no domicílio".

Segundo o IBGE, a redução no número de abates de animais, o aumento das exportações em outubro, provocado pela valorização do dólar, e questões climáticas são os fatores que fizeram a oferta no mercado nacional diminuir e os preços aumentarem.

"Temperaturas mais quentes reduzem a qualidade do pasto e às vezes fazem com que os produtores tenham que migrar o gado para confinamento, o que gera maiores custos", afirma André Almeira, gerente de IPCA do IBGE. "A gente já vinha comentando desde o mês passado e observamos a alta de carne já no mês de setembro [...] o período de seca foi bem mais intenso, o que prejudicou a produção", diz.

Em setembro, o aumento do preço das carnes foi de 2,97%. Como a “Folha de S.Paulo” mostrou nesta semana, a alta no preço da carne fez com que brasileiros substituíssem as carnes por ovos e peixes. O consumo desses itens aumentou 27,1% e 6,2%, respectivamente, em setembro deste ano em relação ao mesmo mês de 2023, segundo levantamento da consultoria Scanntech.

E a tendência é que o preço do churrasco do brasileiro suba ainda mais nas próximas semanas, já que as exportações devem continuar crescendo, assim com a demanda externa e interna. "O Brasil nunca vendeu tanta carne bovina como agora", afirma Fernando Iglesias, coordenador de pecuária da consultoria Safras & Mercado. "O país está exportando em torno de 40% da produção de carne. No início dessa década, exportava em torno de 25% da produção."

Os únicos itens de alimentação que ficaram mais baratos foram as frutas, hortaliças e verduras e tubérculos, raízes e legumes. O decréscimo nesses itens foi de 1,06%, 1,36% e 2,51%, respectivamente.

A queda se deu devido aos preços da manga (-17,97%), mamão (-17,83%), cebola (-16,04%), banana-prata (-6,10) e batata-inglesa (-3,45). No acumulado do ano, porém, as duas últimas registram aumento de 13,07% e 36,46%, respectivamente.

Entre as altas, destaca-se o limão, que ficou 46,78% mais caro em outubro, alta de 23,11% em relação aos últimos 12 meses e de 72,45% ao início deste ano. Já o tomate teve alta de 9,82% em outubro, mas nos últimos 12 meses apresentou queda de 26,25%.

A alimentação fora do domicílio ficou 0,65% mais cara, sendo que a refeição acelerou de 0,18% em setembro para 0,53% em outubro, e o lanche de 0,67% para 0,88%.