PR-445 poderá ter pedágio entre Irerê e Mauá da Serra

A possibilidade de instalação de uma praça de pedágio na PR-445 entre Irerê e Mauá da Serra voltou a preocupar moradores da região e lideranças. Nesta terça-feira (6), o deputado estadual Tercílio Turini (CDN) enviou nota à imprensa rechaçando a proposta, que teria sido confirmada em audiência pública da Frente Parlamentar da Assembleia Legislativa.

“Isso é uma loucura, Londrina e municípios da região vão pagar de novo a conta? E como ficam as pessoas que moram em Tamarana e outras localidades, quando precisam se deslocar a Londrina?”, questionou o deputado, na nota. O deputado foi indicado coordenador das discussões de novos contratos na Frente Parlamentar do Pedágio da Assembleia Legislativa do Paraná.

O local exato da instalação da praça de pedágio ainda não está definido, mas a PR-445 estaria incluída em um estudo de novas rodovias a serem concessionadas do Paraná e, portanto, pedagiadas. Segundo a nota do deputado Tercílio Turini, há indicativos de que a nova praça seria colocada entre o distrito de Irerê e Mauá da Serra.

O gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), João Arthur Mohr, afirmou que a concessão da rodovia está em um plano apresentado pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística), empresa pública ligada ao governo federal.

Também estariam em estudo as rodovias PR-092 (Norte Pioneiro), PR-323( Noroeste), PR-280 (Sudoeste), BR-153 (Norte Pioneiro) e BR-163 (Oeste). De 2.500 Km, o Estado passaria a ter 3.800 Km de rodovias concessionadas. "Entram quatro rodovias estaduais, entre elas a PR-445, ligando Londrina a Mauá da Serra, e com certeza naquele trecho deverá haver uma praça de pedágio. Mas não se sabe onde, nem qual valor."

Mohr ressalta, no entanto, que o estudo é preliminar e pode mudar. "Não está batido o martelo. Isso é uma versão preliminar (do estudo), mas acho que está muito perto de ser definitiva."

Por meio de nota, o DER-PR informou que a inclusão da PR-445, no trecho entre Londrina e Mauá da Serra, está sendo avaliada na elaboração do novo Programa de Concessões Rodoviárias do Paraná. As novas concessões, que ainda serão apresentadas em audiências públicas em todo o estado, preveem uma tarifa menor que a praticada atualmente, e execução de muito mais obras. "Estas concessões, cujos lotes serão leiloados na Bolsa de Valores de São Paulo em 2021, são cruciais para garantir o desenvolvimento da infraestrutura paranaense, expandindo a economia do Paraná por meio da oferta de um sistema rodoviário robusto, capaz de dar o suporte necessário para todos os setores continuarem crescendo.", traz a nota.

“O pedágio na PR 445 vai penalizar praticamente todos os distritos rurais de Londrina, que ficam na região Sul do município. Produtores rurais e moradores utilizam a rodovia diariamente, a intenção de pedagiá-la prejudica um contingente enorme da população. Também cria obstáculos para o desenvolvimento de Londrina, porque é para o lado Sul que estão as maiores áreas de expansão econômica”, enfatiza Tercilio Turini.

O deputado afirmou que, se a "ameaça" for confirmada, vai iniciar um movimento de lideranças regionais contra a proposta.

TARIFA JUSTA

Segundo João Arthur Mohr, a Fiep aprova as novas concessões, desde que as tarifas cobradas nos pedágios sejam justas. "Tem algumas pessoas do Norte que não querem que coloque (praça de pedágio), mas vejo por outras cidades que as pessoas já estão conscientizadas que o governo, seja estadual, seja federal, não vai ter dinheiro para fazer manutenção, colocar as estradas em ótimas condições. A realidade é que se percebe nitidamente a diferença de qualidade de rodovias pedagiadas e não pedagiadas. Desde que seja uma tarifa justa e que não prejudique o ir e vir das pessoas, acreditamos que é uma boa solução."

Para Mohr, a concessão de rodovias pode até mesmo reduzir custos logísticos, uma vez que aumenta a fluidez do trânsito e reduz os riscos de acidentes e a manutenção dos veículos.

CONSULTA PÚBLICA

Um pedágio entre Londrina e Mauá da Serra aumentaria para seis praças o percurso até Curitiba e para sete até Paranaguá. Fernando Moraes, presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e membro do Conselho de Desenvolvimento Empresarial e de Infraestrutura do Paraná e da Comissão de Infraestrutura de Londrina pondera, entretanto, que é preciso aguardar posicionamento do governo federal em relação às concessões. "As concessões devem mudar no ano que vem e é preciso avaliar com atenção o que está sendo preparado pelo governo federal dentro da política nacional de infraestrutura. Esse processo ainda vai passar por consultas públicas, e certamente poderemos nos posicionar de forma mais contundente caso um pedágio venha a onerar a região de Londrina."

*Atualizada às 17h51 com entrevistas com João Arhur Mohr, da Fiep, e Fernando Moraes, da Acil