Os donos de postos de combustível de todo o País decidiram ontem iniciar uma guerra contra as administradoras de cartão de crédito, na tentativa de forçar a redução nas taxas cobradas por estas empresas. A partir da próxima terça-feira, os 124 postos de Campinas (São Paulo) irão recusar dos clientes o pagamento feito por cartão. O boicote valerá por um semana e se restringirá à cidade do interior paulista. Mas se a situação não mudar o protesto poderá voltar em vários Estados, inclusive, no Paraná.
Campinas foi escolhida porque 50% das compras de gasolina e álcool são feitas com cartão de crédito, enquanto no restante do País a participação é menor, variando de 4% a 45%. A estratégia servirá como forma de pressão para sensibilizar as administradoras a reduzir as taxas que giram entre 3% e 5%.
A decisão de se rebelar foi tomada durante reunião, ontem à tarde, dos presidentes de sindicatos ligados ao setor de combustíveis e da Federação do Comércio Varejista de Combustíveis. O encontro ocorreu em Campinas e deverá se repetir, numa segunda edição, no próximo dia 16, quando será feita uma avaliação das primeiras manifestações.
O presidente da Fecombustíveis, Luiz Gil Siuffo Pereira, disse que não se trata de ser contrário ao uso do cartão. ‘‘Estamos contra a situação que as administradoras impõem. Elas têm de reduzir a taxa de administração’’, disse Pereira, durante a reunião.
Segundo Pereira, os postos brasileiros pagam as maiores taxas ‘‘do mundo’’ para as administradoras de cartões. A média nos demais países é de 0,75%, enquanto no Brasil chega a 5%. O prazo de ressarcimento também é maior e vai de 29 até 50 dias, enquanto os revendedores de outros países recebem em até 72 horas.
‘‘As administradoras de cartão de crédito se tornaram sócias privilegiadas da revenda de combustíveis no Brasil, já que engolem 50% do nosso lucro bruto e parte do nosso capital de giro, o que é insuportável’’, reclamou Pereira.
O presidente do Sindicombustíveis do Paraná, Roberto Fregonese, esteve presente à reunião. Ele disse que o boicote de Campinas servirá de exemplo. ‘‘É uma manifestação nacional que serve de alerta. Hoje, as administradoras levam oito centavos por litro sem qualquer esforço’’, disse. Fregonese citou ainda que R$ 26 milhões vão para as administradoras por mês, apenas do setor de combustíveis.