O mercado de trabalho busca cada vez mais profissionais com capacidade de aprender rápido, superar paradigmas, assimilar novas teorias e que tenham flexibilidade para se ajustar a novos conceitos e tecnologias. Neste contexto, estudar é essencial e não diz respeito apenas à conclusão de um curso de graduação. “A sociedade e as tecnologias mudam rapidamente, é preciso se aperfeiçoar pelo resto da vida”, avisa o consultor Adeildo Nascimento, presidente da ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná).

Imagem ilustrativa da imagem Pós-graduação orienta definição da carreira
| Foto: iStock

Um bom caminho para se manter atualizado é por meio dos cursos de pós-graduação. “As grandes teorias do conhecimento permanecem, mas aspectos práticos da atuação profissional mudam rápido, por isso é importante investir em formação continuada”, diz.

Nascimento reforça que um bom critério para escolher o curso de pós-graduação mais adequado é buscar opções que ofereçam ferramentas para necessidades do momento. “O curso não é só para turbinar o currículo, a tendência é que as pessoas busquem novos cursos para potencializar entregas e resultados e também pelo ganho intelectual”, explica.

Um bom critério de escolha, portanto, é avaliar a aplicabilidade dos conhecimentos na prática e as possibilidades do curso promover a expansão do raio de ação na carreira. “Também é importante praticar a transdisciplinaridade, ou seja, um profissional de finanças pode fazer pós-graduação em outras áreas, como marketing ou RH, para entender a aplicabilidade do que ele já conhece em campos diferentes.”

Afunilamento da carreira

Davi Forli, diretor de pós-graduação e relações institucionais da Universidade Positivo, acrescenta que, ao escolher a graduação, o estudante define uma profissão. O afunilamento da carreira, porém, ocorre na pós-graduação. “É nesta fase que um administrador escolhe trabalhar com RH ou finanças e um odontologista opta por áreas específicas como cirurgia ou periodontia”, exemplifica.

Continuar estudando, de acordo com ele, permite aprofundar a carreira e se manter atualizado com as tendências do mercado. “As empresas buscam profissionais com perfis resolutivos, com capacidade de resolver problemas”, afirma.

A escolha do curso deve partir da definição sobre o que se espera do desenvolvimento profissional. Em seguida, a dica é avaliar com clareza a instituição, o que inclui o corpo docente e o coordenador de curso, visto que este profissional define a grade curricular e os conteúdos programáticos. Além disso é preciso conhecer a infraestrutura. Na área de saúde, por exemplo, é imprescindível contar com laboratórios de qualidade que amparem as práticas ensinadas.

Forli destaca que o aluno que busca uma pós-graduação é alguém que está profundamente comprometido com a construção da carreira. “É uma escolha importante que exige investimento financeiro e de tempo”, pontua, lembrando que estudantes de pós em início de carreira buscam definir a área de atuação, por isso, escolhem cursos com perfis mais técnicos. Já os mais experientes buscam formações generalistas que ofereçam uma visão mais amplas.

Diante das rápidas mudanças do mercado, a tendência é que os cursos se tornem mais rápidos e flexíveis. A Universidade Positivo oferece a modalidade Flex Agile, com duração de um ano, com cursos realizados presencialmente e também online para que os conteúdos sejam entregues mais rapidamente. É uma escola interessante porque atualiza sobre um novo jeito de aprender”, opina.

A instituição oferta 180 cursos de pós-graduação. Entre os destaques, os cursos Ministério Público – Fempar 2020, Teoria da Psicanálise - Curso Fundamental de Freud e Lacan, Planejamento e Gestão de Eventos, Prática de Direito Criminal, Gestão Empresarial Contemporânea e Endodontia.

Diferentes escolhas

Davi Forli explica que todos os cursos feitos após a graduação são considerados como educação continuada. As modalidades reguladas pelo MEC, como os cursos lato senso e stricto senso, precisam atender requisitos legais. Já os cursos de formação executiva - ou cursos livres - são ofertados em instituições que não necessariamente atuam em ensino superior. São cursos de aperfeiçoamento, extensão, livres ou de formação executiva, mas que também estão contemplados pela formação continuada.

Silvia Meletti, diretora de pós-graduação da UEL, reforça que a pós-graduação oferece duas possibilidades: lato senso e stricto senso. A primeira compreende cursos de especialização, MBA e residências da área de saúde. São cursos voltados para temas específicos e emergentes das diversas áreas de atuação. Ao término deste nível de curso, o aluno recebe certificação de especialista em determinada área e poderá atuar de forma mais direcionada no mercado de trabalho.

O stricto senso é diferente, pois os cursos deste nível buscam formar pesquisadores e compreendem mestrado acadêmico, mestrado profissional e doutorado. Neste caso, o profissional torna-se habilitado a seguir carreira acadêmica como docente ou pesquisador em instituições de ensino superior ou atuar como pesquisador em institutos de pesquisa ou instituições que possuem pesquisa como uma das frentes de trabalho ou atuação.

Essa formação amplia também as possibilidades de trabalhos que exijam formação de excelência e nível elevado de qualificação. “Em alguns casos, é a primeira exigência para entrar em universidades e institutos de pesquisa públicos e privados. Hoje um concurso público para universidade exige como formação o grau de doutorado”, informa.

A diretora destaca que as mudanças nas profissões impõem necessidade de aprimoramento permanente, o que amplia chances de permanência no mercado e ascensão na carreira escolhida. “No geral, a pós tem a tarefa de promover e se adequar às mudanças constantes no trabalho. Profissionais que não têm subsídios ficam em desvantagem”, diz.

Ela explica que os cursos da UEL passam por adequações curriculares sempre que necessário, seja por exigência do mundo do trabalho ou para atender demandas da sociedade. A escolha da pós deve ser pautada pela estrutura curricular, corpo docente e grade curricular. “Os bons cursos vão exigir mais do estudante, mas também vão formá-lo de forma mais adequada. Não adianta fazer pós apenas pelo certificado, é preciso buscar consolidação na carreira. Um profissional de excelência nunca para de estudar.”

‘A pós foi um divisor de águas’, diz nutricionista

Anos depois de formada, a nutricionista Waslley Vânia Alves decidiu que era hora de partir para uma especialização. Ela sempre teve vontade de se aprofundar em gastronomia, mas Londrina ainda não oferecia o curso nessa área. Só em 2017 ela conseguiu a tão desejada pós-graduação e após concluir o curso viu muitas portas se abrirem. “Foi além da minha expectativa. Eu trabalhava na área de nutrição, com assessoria, então enriqueceu”, contou.

Nos contatos com os clientes, além da assessoria na parte nutricional, Alves passou a oferecer cardápios, desenvolver receitas próprias para os restaurantes e estabelecimentos que assessorava. “(Na pós), fiz amizades muito boas que me oportunizaram novas propostas de trabalho, professores que abriram meus horizontes, foi muito bom. A pós foi um divisor de águas porque uni a nutrição com a gastronomia e estou trabalhando na área.”

É à especialização também que ela atribui a possibilidade de abrir o próprio negócio. Hoje, tem uma empresa que vende refeições, a Equilíbrio Nutrição, onde atua como nutrichef. “Estou com perspectivas bem boas. Fiz outra pós com ênfase em ensino superior e pedagogia se em algum momento eu tiver vontade de dar aula em faculdade e que também vai valer bastante para concurso. As especializações trouxeram vida nova à minha profissão.” (Colaborou Simoni Saris)