O volume de recursos anunciados pelo Plano Safra 2021/2022 foi menor do que o solicitado, por meio de documento com as assinaturas de representantes da Secretaria da Agricultura do Paraná, Sistema Faep, Ocepar e Fetaep (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná). O pedido das entidades foi de R$ 277 bilhões, mas o governo anunciou a liberação de R$ 251,2 bilhões nesta terça-feira (22), valor 9,3% menor do que o solicitado.

Imagem ilustrativa da imagem Plano Safra não atende reivindicações dos setores agrícolas
| Foto: Gustavo Carneiro /03-03-2016

“Mas ainda assim, representa um aumento de 6,3% em comparação ao Plano Safra passado, R$ 14 bilhões a mais. Esse valor seria uma atualização dos valores para cobrir o aumento nos custos de produção”, afirmou Jefrey Kleine Albers, coordenador do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR. “No contexto geral, foi um plano satisfatório”, completa Flávio Turra, gerente de Desenvolvimento Técnico da Ocepar.

Apesar de o volume liberado não ter atendido à reivindicação das categorias, Albers pondera que é um “bom plano” diante da conjuntura da economia nacional. “Está condizente com o mercado”, afirmou.

Entre os pontos positivos, o coordenador cita uma destinação quase 85% maior de recursos para a linha PCA, voltada à construção de armazéns, em comparação ao Plano Safra do ano passado – o valor passou de R$ 2,23 bilhões para R$ 4,12 bi.

Outra linha que Albers destaca é o Programa ABC, destinado à recuperação de áreas e à sustentabilidade ambiental. “Nesse caso, os valores destinados este ano dobraram, saltando de R$ 2,5 bilhões para R$ 5 bilhões”, pontuou.

O Proirriga, programa destinado ao financiamento da agricultura irrigada, também teve aumento nos recursos, da ordem de 28,5% - saltou de R$ 1,05 bilhão para R$ 1,35 bi. “De maneira geral, houve aumento de recursos para linhas prioritárias”, pontuou Albers.

Para os programas de investimento, o aumento dos recursos disponibilizados passou de R$ 57 bilhões para R$ 73,4 bi. “No Plano passado, tivemos escassez de recursos para investimentos, e esse aumento vem atender diversas demandas”, afirmou Turra.

JUROS

O Plano Safra também não atendeu ao pedido dos produtores no quesito redução de taxa de juros dos financiamentos agrícolas. A reivindicação no documento endereçado ao governo federal foi por uma redução de 1% nas alíquotas, de maneira geral.

Em contrapartida, as taxas de juros dos empréstimos ficaram um pouco mais altas no Safra 2021/2022, subindo de 0,25% a 1,5%.

“Já esperávamos por um pequeno aumento nas taxas por conta da sinalização econômica, da inflação e do aumento da taxa Selic”, afirmou Albers. “A tendência foi de taxas maiores para programas de investimentos”, completou Turra.

SEGURO RURAL

Outro ponto do plano que ficou abaixo do esperado pelos produtores foi a liberação de recursos para o seguro rural.

Enquanto as entidades paranaenses solicitaram R$ 1,5 bilhão para possibilitar a ampliação das contratações e da área segurada, a liberação será de R$ 1 bilhão. “Com isso, não vai haver expansão da cobertura do seguro”, apontou Albers.

Turra acrescenta que a liberação para essa modalidade alcançou R$ 1,3 bilhão no Plano Safra passado. “A gente acha que vai ficar prejudicado, porque há uma redução de 30% no montante de recursos para subvenção de um instrumento de política agrícola muito importante.”

FINANCIAMENTO

Para os produtores rurais de uma maneira geral, não houve aumento dos limites de financiamento.

“A exceção é para os produtores de milho. Como o governo está incentivando o plantio de milho para a próxima safra em função das dificuldades de abastecimento, ele vai aumentar o limite para o produtor médio e demais produtores”, pontua Turra.

Turra acrescenta que, no contexto geral, as cooperativas seguem fortes no crédito rural. “Os programas de investimentos vinculados às integrações foram mantidos, assim como o próprio crédito de industrialização das cooperativas”, conclui.

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