Industrialização tem peso significativo no PIB per capita; entre dez municípios do Sul do País, Londrina só ganha de Cascavel e de Pelotas
Industrialização tem peso significativo no PIB per capita; entre dez municípios do Sul do País, Londrina só ganha de Cascavel e de Pelotas | Foto: Gustavo Carneiro 16.8.2017



No período de cinco anos (2010-2015) o PIB per capita de Londrina saiu de R$ 21.362,06 para R$ 32.387,71. Uma evolução de 51,6% e esta acima do PIB nacional (R$ 29.323,58). Os dados divulgados na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) também mostram que diminuiu a diferença em relação a Curitiba. Enquanto, em 2010, o PIB per capita de Londrina representava 65% do valor da Capital, em 2015, esse percentual subiu para 75% (R$ 44.624,32).
No entanto, a situação não é tão confortável. Entre as 45 cidades do Sul e Sudeste com população entre 300 mil e 700 mil habitantes, Londrina é a 28ª no ranking do PIB per capita. Na primeira da lista, a paulista Jundiaí, o indicador é de R$ 98,8 mil, o triplo do londrinense.
Dessas 45 cidades, dez são do Sul, sendo que, nesta região, Londrina (R$ 32.387) só ganha de Cascavel (R$ 32.372) e da gaúcha Pelotas (R$ 21,5 mil). O PIB per capita londrinense ainda está atrás de Maringá (R$ 38.881,75) e Ponta Grossa (R$ 34.941,59).
Cidades de porte médio como Piracicaba (R$ 55,2 mil), Sorocaba (R$ 47,3 mil), Blumenau (R$ 46,1 mil), Joinville (R$ 45,3 mil), Uberlândia (R$ 44,6 mil), Caxias do Sul (R$ 43,4 mil) e Ribeirão Preto (R$ 41,7 mil) têm o PIB per capita bem superior ao de Londrina.
O resultado demonstra o peso da industrialização. Em 2010, a participação da indústria no PIB geral de Maringá e Londrina representava 21,6% e a diferença do PIB per capita das duas cidades era de 12%. Cinco anos depois, a participação da indústria reduziu nas duas cidades. Maringá caiu para 20,18%, e Londrina para 18,4%. Mas a diferença per capita subiu para 20%. E neste período, o PIB per capita de Maringá cresceu 62,3%.
"Fica claro que o setor da indústria tem um impacto significativo no PIB per capita. Onde temos indústrias o salário médio é maior do que no comércio e o PIB per capita sobe mais quando o percentual do PIB é resultado da participação da indústria", avaliou o economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e colunista da FOLHA.
Na avaliação do economista, o caminho para o crescimento da riqueza de Londrina passa pela industrialização. "O comércio é muito bom para fazer girar o dinheiro dentro da economia. Mas só a indústria coloca dinheiro novo no mercado. Não estamos falando que Londrina tem que ser uma cidade totalmente industrializada. O que temos que pensar é que a participação da indústria no PIB de Londrina deveria aumentar para 30% a 32%", disse Rambalducci.
A industrialização consegue colocar dinheiro novo porque não fica tão atrelada ao mercado local e às condições econômicas regionais, além incorporar a inovação no produto, aumentando o valor agregado.

IDENTIDADE
Para o economista Edilson Gonçalves Moreira, professor do curso de administração da Unifil, os resultados de Ponta Grossa estão ligados à proximidade com Curitiba, o que transformou a cidade em um polo atrativo de indústrias, que trouxe a reboque fornecedores. "Isso traz receita mais alta e valor agregado", afirmou o professor.
Já Maringá, segundo ele, fez uma coisa simples: apostou no porto seco. "Maringá está se reinventando em polos específicos, enquanto Londrina não avança em uma indústria pujante que traga valor para a cidade", ressaltou Moreira.
Segundo ele, o polo tecnológico ainda não se definiu e que o único diferencial de Londrina, e que segura o PIB, é a Sercomtel. "A indústria da educação é forte, mas ainda não está trazendo tanto valor agregado e o polo tecnológico ainda não está definido. Essa conjuntura de fatores faz com que fiquemos para trás", disse.
Ele citou como exemplo Florianópolis, cidade que vem se firmando como polo tecnológico. "Eles cresceram e estão atraindo até empresas de Londrina. Estamos perdendo o target. Londrina tem que se definir e fazer políticas arrojadas para se firmar."

VALOR AGREGADO
De acordo com o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), muito dessa diferença entre o PIB per capita de Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa e Curitiba pode ser explicada pela diferença na composição do PIB. Os que possuem PIB per capita mais elevado que Londrina, em geral, têm maior participação da indústria. Esse setor responde por 18,40% do VAB (valor adicionado bruto) de Londrina, 19,37% no de Curitiba, 20,18% no de Maringá e 33,69% no caso de Ponta Grossa.
"Para além disso, embora Londrina disponha de diversificada oferta de serviços, esses estão em grande parte distribuídos em atividades com valor agregado um pouco mais baixo, como o comércio varejista (segmento forte em Londrina)", disse Guilherme Amorim, coordenador do Núcleo de Macroeconomia e Conjuntura do Ipardes.