SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE. Essa é a maior queda desde a retração de 2,1% no segundo trimestre de 2015.

Em relação ao mesmo período de 2019, o PIB caiu 0,3%. No acumulado em 12 meses, houve expansão de 0,9%. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam retração de 1,5% na comparação com o trimestre anterior e -0,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

O período foi marcado pelo início das medidas de distanciamento social no país, adotadas a partir da última quinzena do trimestre. Antes disso, a pandemia já impactava outros países, com reflexos também sobre a economia brasileira.

Entre as principais economias mundiais, a China foi a que registrou a maior queda no PIB trimestral, de 9,8%. O país asiático foi o primeiro foco do coronavírus. Na Zona do Euro, segundo foco da crise internacional, houve retração de 3,3%. Até mesmo a Suécia, país que não adotou o isolamento, viu o PIB encolher no período (-0,3%).

Países nos quais a circulação do vírus começou mais tarde, como o Brasil, foram menos atingidos economicamente. Nos EUA, o PIB recuou 1,2% no trimestre.

Segundo dados compilados pela OCDE, entre as 50 economias mais relevante, apenas duas registraram crescimento no trimestre. A Finlândia cresceu apenas 0,1%. O Chile avançou 3% no período, mas o resultado desse último se deve à base de comparação, pois a economia chilena teve o pior desempenho para o quarto trimestre de 2019 entre os países selecionados.

O PIB é uma medida da produção de bens e serviços do país em um determinado período, e o seu aumento é utilizado como sinônimo de crescimento da economia.

O Brasil vem de um período de três anos de fraco crescimento econômico. A expectativa dos analistas é que, no segundo trimestre deste ano, marcado por dois meses quase completos de isolamento social na maior parte do país, a economia apresente retração ainda maior.

De acordo com análise publicada pelo economista Marcel Balassiano, da área de Economia Aplicada do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da FGV), 82% dos países acompanhados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) devem apresentar desempenho melhor da economia do que o Brasil no biênio 2020/2021.

Segundo a Economist Intelligence Unit, o Brasil deve ser a economia mais afetada pela Covid-19 em uma amostra de 19 países, quando se compara a previsão para o PIB em 2020 antes e depois da pandemia.