Uma pesquisa feita pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil, em parceria com o Sebrae, aponta que 40% dos consumidores vêm utilizando os serviços de algum banco digital nos últimos 12 meses. A menor burocracia e isenção de taxas estimulam a contratação dos serviços e fazem os bancos tradicionais se adaptarem à nova realidade, com menores tarifas.

Imagem ilustrativa da imagem Pesquisa aponta crescimento do uso de bancos digitais
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O estudo mostra que as pessoas utilizam a nova modalidade sobretudo para o pagamento de contas (16%), verificação de saldo ou extrato (14%), saque de dinheiro (11%), realização de pagamento com cartão de débito (11%) e transferência de dinheiro (11%). Foram entrevistados residentes em todas as capitais brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e todas as classes sociais.

No entanto, o uso das fintechs não é exclusivo. O levantamento CNDL/SPC Brasil mostra que 84% dos clientes de bancos digitais também possuem conta em bancos tradicionais. Quando comparados aos serviços das instituições tradicionais, os bancos digitais conquistaram a preferência de 55% dos entrevistados que utilizam ambos os serviços. Já 25% afirmam não ter preferência e apenas 20% preferem os bancos tradicionais.

De acordo com a startup brasileira Nubank, eles surgiram de um incômodo diante da situação dos serviços financeiros do Brasil.

“O cliente de um banco digital é aquele que não quer perder horas na fila de uma agência bancária e entende a evolução tecnológica na qual estamos imersos. O setor bancário no Brasil é altamente concentrado, paga-se um dos juros mais altos do mundo. O Nubank foi criado a partir de um sentimento de inconformidade diante dessa realidade”, comentou assessoria de imprensa do Nubank.

O Banco Inter, antigo Intermedium, é um banco múltiplo brasileiro sediado na cidade de Belo Horizonte. Segundo a assessoria, no modelo tradicional, um banco costuma ter milhares de agências e pessoas trabalhando, muita energia é gasta. Eles optaram por um modelo digital, que permite reduzir custos com agências físicas e, consequentemente, repassar à sociedade essa economia.

Com relação as dificuldades enfrentadas pelos bancos digitais, a assessoria explica que ao oferecerem uma conta totalmente gratuita, a primeira questão que o modelo de negócio enfrentou foi o alto custo de tarifas do sistema bancário. “A concentração bancária sempre foi um problema bastante debatido na sociedade brasileira, sendo assim acreditamos que os bancos digitais surgiram graças ao avanço tecnológico e estão democratizando o acesso ao sistema financeiro”, opina a assessoria do Banco Inter.

ANÁLISE

O economista Marcos Rambalducci concorda que as fintechs trouxeram soluções inovadoras, porém faz ressalvas à questão da democratização. “Os bancos tradicionais já se deram conta da necessidade de se adequar a este modelo, e ainda contam com a vantagem de ter uma estrutura física, o que é importante para muitos clientes. Quanto à democratização do sistema bancário, não consigo enxergar essa possibilidade, na medida que, os excluídos bancários são em grande média excluídos digitais”.

Rambalducci explica que o termo fintech designa qualquer solução inovadora em base tecnológica que envolva finanças. No caso dos bancos de varejo, a principal característica é ter custos reduzidos de operação, que são repassados aos clientes, barateando o acesso aos serviços bancários. “Essa redução nos custos causa pressão sobre as instituições tradicionais que, para se manterem competitivas, precisam baixar também seus custos.Vários bancos tradicionais estão criando suas próprias contas fintechs para poder competir neste novo cenário”.

Praticidade e isenção de taxas fazem usuários perderem medo da tecnologia

A adesão a um serviço de banco digital é mais natural entre os mais jovens, mas aos poucos, ganha espaço entre quem estava habituado apenas ao modelo tradicional.

Rodrigo Jacinto Soares, 23, trabalha como social media em Londrina. Segundo ele, o principal motivo de ter escolhido um banco digital foi pela facilidade de conseguir um cartão de crédito que não tivesse anuidade ou outras taxas. “Os serviços são ótimos e até hoje não tive nenhum problema. Eu evito filas e consegui uma rápida aprovação de crédito, mesmo não tendo score”, conta.

Enfermeira de um hospital público em Londrina, Larissa Grispan, 34, afirma que também escolheu o banco digital pela questão de praticidade. Entretanto, ela utiliza uma plataforma digital criada por um banco tradicional.

Grispan ainda sente receio em fazer todas as transações pelo aplicativo por questões de segurança de dados.

“Antes de começar a usar eu tive medo, estava acostumada com os serviços presenciais. Pensava em casos de roubo. Hoje em dia vejo muitas denúncias de clonagem de dados, porém consegui tirar várias dúvidas com relação a isso e já consigo ficar um pouco mais tranquila”, explica.

A enfermeira comenta que mesmo com um banco digital, ela consegue ter contato direto com o gerente dela. “Eu nunca cheguei a conhecer meu gerente no banco físico, foi através do aplicativo que ele me ligou e eu tive acesso a várias dicas e informações, isso me aproximou da gerência do banco. Hoje, com a vida corrida das pessoas é muito difícil conseguir tempo para ir ao banco, muitas vezes são filas enormes e não achamos nem vaga para estacionar. A praticidade de ter um banco em mãos facilita o dia de qualquer um, além de ir ao encontro à sociedade tecnológica na qual vivemos hoje”, complementa. (M.P.)

Supervisão de Celso Felizardo, editor de Economia