Carmem Murara
De Curitiba
A Perdigão Agroindustrial S.A. anunciou ontem a compra do controle acionário do Frigorífico Batávia, uma das empresas pertencentes à Batávia S.A., que é controlada pela italiana Parmalat desde 1998. A compra de 51% das ações totalizou R$ 42 milhões, mais uma quantia em torno de R$ 17 milhões referentes a estoques de produtos. Apesar da aquisição, a Perdigão pretende manter as duas marcas de produtos nos supermercados. Ela tem direito de explorar a marca Batavo por um período de quatro anos, somente então passa a pagar pelo uso.
A venda de todo o setor produtivo de aves e suínos da Batávia foi uma orientação do grupo controlador Parmalat. Em nenhum dos demais 23 países onde a empresa italiana tem fábricas há a produção de carnes. Com isso, a Batávia fica restrita aos negócios que envolvem a produção de laticínios.
Outro fator que pesou na hora de fechar a negociação foi a participação que a Batávia tinha no mercado consumidor. A última pesquisa da empresa de consultoria Nielsen, divulgada no terceiro trimestre do ano passado, apontou uma fatia de apenas 3% das vendas no varejo dos embutidos Batavo, enquanto a Perdigão ficou em primeiro lugar com 23% e a Sadia em segundo com 22,6%. ‘‘Não dava para competir, então, foi melhor unir as forças’’, admitiu, ontem, o diretor geral da Batávia S.A., Achilles Reinhardt.
Controlando a nova empresa, a Perdigão tem planos de ampliar a exportação, que hoje representa 30% da produção de carnes, o que totalizou R$ 300 milhões do faturamento no ano passado. O Frigorífico Batávia exportou apenas 5%, o que rendeu um faturamento de R$ 22 milhões em 99. As exportações são para os países do Oriente Médio e Argentina. ‘‘Procuramos um parceiro para alavancar a nossa produção em escala’’, afirmou o diretor de desenvolvimento de Negócios da Perdigão, Nelson vas Hacklauer.
Até a venda das ações, a Batávia S.A era formada por três unidades, sendo duas de processamento de laticínios em Carambeí e Concórdia (SC). A terceira fábrica era de produção de carnes de suíno e aves e também está instalada em Carambeí, onde são empregados 1,3 mil funcionários. Eles serão mantidos, segundo a Perdigão. Todo o grupo Batávia no Estado emprega 2,7 mil pessoas.
O diretor geral da Batávia disse que a estrutura de produção também permanecerá inalterada, inclusive com a manutenção de investimentos previstos na área de laticínios. ‘‘Vamos investir R$ 25 milhões neste ano’’, afirmou Reinhardt.