Londrina tem pelo menos 25 startups que já receberam algum tipo de investimento. A estimativa é do Sebrae/PR. Embora os valores investidos não são revelados pelos empreendedores, há casos de negócios que receberam de R$ 30 mil a R$ 2,5 milhões, aproximadamente . A cidade já conta com dois grupos de investidores anjo - com capital voltado à primeira rodada de investimento em startups. Juntos, eles já injetaram recursos em quatro negócios locais.
Para o consultor do Sebrae Lucas Ferreira, a presença de investidores na cidade mostra que Londrina tem um ecossistema maduro de startups. E ganha destaque entre as cidades do interior ao apresentar esse cenário. "É positivo quando você consegue ver um ecossistema maduro que consegue apresentar startups de alto potencial e empresários consolidados com um mindset (pensamento) de investir nesses negócios. Isso mostra que o capital social de Londrina é muito forte", afirma.
A presença de grupos de investimento e de investidores anjo, segundo o consultor, "gera condições para que startups performem com maturidade e fechem o ciclo retornando esse investimento."
O Smart Value anunciou na semana passada, durante a AgroBIT, evento de tecnologia voltada ao agronegócio, um investimento em sua terceira startup, que criou uma plataforma e equipamentos de monitoramento e automação da piscicultura. O valor está sob sigilo contratual.
Segundo Luiz Volso, sócio da startup, a TATILFish, uma segunda rodada de investimentos já está sendo estudada por um investidor holandês por intermédio do próprio SmartValue.

Luiz Volso e João Marcondes, sócios da TATILFish
Luiz Volso e João Marcondes, sócios da TATILFish | Foto: Anderson Coelho 23-08-17

O investimento vem em um momento em que o negócio precisa de capital para entrar no mercado. "Como o nosso modelo de negócio é comodato, precisamos de capital para adquirir os primeiros equipamentos para começar a alugar", afirmou Volso.
De acordo com um dos sócios do SmartValue, Guy Tsumanuma, a finalidade do capital inovador é levar a inovação para o mercado. Com o investimento na startup de piscicultura, um dos objetivos do grupo foi levar a inovação tecnológica à agricultura.
O produto da empresa traz informações sobre a qualidade da água, especialmente temperatura e nível de oxigênio, gerando ganhos ao piscicultor, uma vez que permite calcular com mais assertividade a quantidade de ração necessária para os peixes e controlar os aeradores (equipamentos que incorporam oxigênio à água).
O SmartValue foi criado em 2017 por dez empresários de diversas áreas de negócios e capacidade de investimento de R$ 1,5 milhão no período de dois anos. A aposta do grupo em três startups de Londrina revela que a cidade tem negócios inovadores e com afinidade com o mercado.
Tsumanuma explica que esse é um dos critérios de avaliação para investimento do grupo. As startups também precisam resolver problemas reais, ter saúde financeira, potencial de retorno, saída no mercado, uma boa equipe e vários outros critérios.

LOGÍSTICA

A Wave Capital é outro grupo de investimento formado recentemente em Londrina. Asshaias Felippe, um dos sócios, conta que a ideia surgiu depois que ele E mais duas pessoas inauguraram um coworking na cidade. O grupo tem capacidade de investimento inicial de cerca de R$ 750 mil e já fez o primeiro aporte de R$ 75 mil no período de 12 meses para uma startup do setor de logística. Felippe diz acreditar que as startups de Londrina têm potencial para investimentos porque o ecossistema da cidade é maduro. "Londrina tem tudo o que precisa para atrair investimentos na área de tecnologia em startups."

Soluções para logística e contabilidade
A XModal, startup da qual Mário Furtado é sócio, resolve pelo menos três problemas de logística. O negócio oferece a empresas uma plataforma web para operações logísticas de importação e exportação. Um dos problemas do setor é a lentidão no recebimento de propostas para transporte internacional. A plataforma automatiza a negociação de propostas de transporte internacional, aumenta o leque de fornecedores de serviços e, consequentemente, de precificações e de rotas e centraliza as informações sobre o acompanhamento das cargas.

Os sócios da XModal Mário Furtado e Mateus Palhares
Os sócios da XModal Mário Furtado e Mateus Palhares | Foto: Divulgação

A startup recebeu investimento de dois grupos de investidores da cidade, e pretende utilizar o valor para a contratação de um programador e para estratégias de marketing. "O fato de termos grande possibilidade de internacionalização é o que deve ter feito brilhar os olhos dos investidores", diz Furtado. Para ele, o fato de investidores do grupo atuarem na área de logística também pode ter contado para a decisão do aporte.
A Personality, startup de contabilidade de Londrina, recebeu aporte da HAG Ventures, de Curitiba. O valor não foi revelado. Segundo Analita Soto, CEO, a investidora irá trabalhar com a startup no processo de escala da carteira de clientes e no próximo round de investimento no negócio.
A CEO conta que o aporte financeiro partiu da estratégia da investidora de buscar empreendedores com potencial de desenvolver negócios escaláveis para alcançar outros mercados além do Brasil. "Nesse sentido o fit (ajustamento) com a Personality foi muito aderente."