Pelo 8º ano consecutivo, Toledo, no oeste do Paraná, registrou o maior VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) do Estado. A produção no campo atingiu R$ 3,48 bilhões no município em 2020, de modo que a pecuária representou 80,8% dessa cifra bilionária.

Imagem ilustrativa da imagem Pelo 8º ano consecutivo, Toledo registra maior VBP do Estado
| Foto: Arquivo Folha

Os destaques ficam por conta das cadeias da suinocultura e da avicultura (incluindo produção de ovos), que registraram movimentação de R$ 1,54 bilhão (43% do total do VBP do município) e R$ 720 milhões (20% do total), respectivamente.

Principais componentes da ração que alimenta frangos e porcos, os grãos também ocupam papel de destaque, com 580 mil toneladas de milho comercializadas no ano passado por R$ 240 milhões (6,9%) e 281,6 mil toneladas de soja faturadas por R$ 395 milhões (11,2%).

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Diego Bonaldo, explica que Toledo já tem um histórico na produção de proteína animal.

“Aqui também estão algumas das maiores plantas de abate de peixes, aves e suínos. Assim, temos uma estrutura completa de apoio aos produtores, seja por meio das empresas, seja por meio da prefeitura, sempre atuando para tornar melhor a infraestrutura para a produção”, diz.

Bonaldo acrescenta que o agronegócio faz parte de uma cadeia econômica muito importante em Toledo.

“Temos lá no campo emprego e renda, o que mantém o produtor rural abastecendo a indústria, responsável pela maior parte da geração de empregos no município. Assim, temos um ciclo importante, além dos impostos que o município arrecada para manter a cidade com a infraestrutura necessária para o atendimento à população.”

Por concentrar grande riqueza no agronegócio e dispor de um grande número de empresas que atuam diretamente na transformação da produção agropecuária, Toledo é conhecida como Capital Paranaense do Agronegócio.

“A riqueza de Toledo vem desde o seu início, há 69 anos, quando aqui aportaram os primeiros colonos com um sonho. A forma que Toledo foi colonizada, com pequenas glebas de terra, contribuiu muito para essa grande produção. Com pequenas propriedades, os produtores utilizam de maneira intensiva tecnologia para a produção, resultando em uma alta produtividade. Além disso, há uma preocupação ambiental grande na comunidade, de modo que a produção agropecuária é ligada umbilicalmente com a sustentabilidade”, conclui.

VBP

Assim como Toledo, os outros 13 municípios bilionários a partir do VBP de 2020 são Tibagi (R$ 1,26 bilhão), Carambeí (R$ 1,17 bilhão), São Miguel do Iguaçu (R$ 1,16 bilhão), Nova Aurora (R$ 1,08 bilhão), Piraí do Sul (R$ 1,02 bilhão), Cascavel (R$ 2,27 bilhões), Castro (R$ 2,26 bilhões), Guarapuava (R$ 1,60 bilhão), Marechal Cândido Rondon (R$ 1,47 bilhão), Santa Helena (R$ 1,35 bilhão), Assis Chateaubriand (R$ 1,34 bilhão), Dois Vizinhos (R$ 1,34 bilhão) e Palotina (R$ 1,32 bilhão).

O relatório final do VBP de 2020 mostrou que a produção no campo paranaense foi de R$ 128,2 bilhões, estabelecendo mais um recorde, com crescimento real (corrigido pela inflação) de 21% em relação a 2019.

O crescimento mais expressivo tanto em variação nominal (57%) quanto real (46%) foi observado em São Miguel do Iguaçu, que saiu de R$ 741,7 milhões em 2019 e atingiu R$ 1,16 bilhão em 2020. Piraí do Sul também se destacou com crescimento nominal de 47% e real de 36%, assim como Carambeí, que fica na mesma região dos Campos Gerais, com variação nominal de 46% e real de 36%.

PESQUISA AMPLA

O levantamento do VBP paranaense é um dos mais completos do País, com pesquisas semanais de preços e condições de lavoura de aproximadamente 350 culturas, entre elas produtos da agricultura, pecuária, piscicultura, silvicultura, extrativismo vegetal, olericultura, fruticultura, plantas aromáticas e ornamentais.

Como comparativo, o VBP nacional tem como base dados da produção e preço médio de comercialização de 26 culturas, levantados pela Conab (Companhia Brasileira de Abastecimento).

O chefe do Deral (Departamento de Economia Rural), Salatiel Turra, destaca que o VBP mostra todas as potencialidades do agronegócio paranaense.

“É possível perceber, dada a evolução dos últimos anos, que a produção e a produtividade estão aumentando graças aos pacotes tecnológicos, à assistência técnica cada vez mais especializada e à atenção para com a atividade do produtor rural de uma forma bastante atenta.”

PECUÁRIA

Pelo segundo ano consecutivo, a receita bruta estimada da pecuária é destaque no VBP paranaense.

O montante de R$ 63,65 bilhões representa aumento nominal de 31% e crescimento real de 21% em relação ao valor anterior. Com esse volume, o segmento representa 50% do Valor Bruto da Produção Agropecuária paranaense. Em Dois Vizinhos, por exemplo, a pecuária é responsável por 87% de todo o VBP municipal. Em Santa Helena, o percentual chegou a 84,7%.

AGRICULTURA

O grupo dos grãos e grandes culturas foi o que apresentou maior evolução em relação a 2019, com aumento nominal de 41% e real de 31%. O ano de 2020 rendeu aos produtores de grãos paranaenses R$ 54,33 bilhões. O destaque é para a produção recorde de 20,9 milhões de toneladas de soja e para os bons preços obtidos pelos produtores.

Isso compensou as perdas da cultura do milho, provocadas pela estiagem. Mas, mesmo com redução em 6% na produção, o preço teve valorização e repercutiu favoravelmente no Valor Bruto da Produção Agropecuária. Em termos de preço, o trigo foi o que mais remunerou os produtores.

REGIÕES

Considerando o percentual de crescimento de 2019 para 2020, as regiões Noroeste e Centro-Ocidental apresentaram os maiores índices: 26% em termos reais. Em valor, o Noroeste ocupa a quarta posição, com R$ 12,40 bilhões, enquanto o Centro-Ocidental aparece em sétimo, com R$ 8,82 bilhões. A liderança em volume é do Oeste, com R$ 30,03 bilhões e crescimento real de 22%.

Todas as regiões do Estado apresentaram crescimento nominal e real positivos. O Norte é a segunda colocada em valor bruto agropecuário, com R$ 17,99 bilhões (25% de aumento real em relação a 2019). Na terceira colocação fica o Sudoeste, com R$ 16,25 bilhões (crescimento de 24%). A região Centro-Oriental está na quinta posição, com valor de R$ 10,63 bilhões e crescimento real de 23%.

O Norte Pioneiro é o sexto colocado, com volume de R$ 9,89 bilhões e aumento de 20% em relação a 2019. Nos últimos lugares em valor bruto agropecuário estão o Centro-Sul, com R$ 8,42 bilhões (aumento real de 20%), Sudeste, com R$ 7,66 bilhões (mais 12%), e Região Metropolitana de Curitiba, com R$ 6,12 (crescimento real de 1%).