Londrina deu um importante passo em direção à mitigação e à prevenção de desastres climáticos com a assinatura, nesta sexta-feira (6), de um memorando de entendimento de apoio ao desenvolvimento tecnológico do Estado do Paraná com o DiMSUR (Disaster Risk Management, Sustainability and Urban Practice).

O DiMSUR é um centro técnico de resiliência climática, sustentabilidade e redução de risco de desastre sediado em um campus universitário de Maputo, a capital de Moçambique, na África, e que presta assistência técnica qualificada e organiza ações comunitárias a partir de encontros de moradores e autoridades.

O continente africano é um dos mais impactos pelos efeitos das mudanças climáticas e o diretor executivo do DiMSUR, o diplomata moçambicano Nuno Remane, afirmou que o conhecimento acumulado nos 20 anos de experiência no desenvolvimento de estratégias assertivas, como alerta de desastres, construção de abrigos seguros e investimento de capital com retorno comunitário, serão utilizados no desenvolvimento das capacidades já existentes em Londrina. “Vamos ajudar a desenvolver e colocar Londrina no mapa mundial de redução de risco de desastre. Primeiro Londrina, depois o Paraná e depois, prestar serviços ao Mercosul”, afirmou Remane, que é graduado em arquitetura e urbanismo pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).

“Para nós, é uma troca de experiência e, principalmente, um aporte técnico para melhorar a capacidade brasileira na resposta ao desastre”, disse o diretor executivo do DiMSUR.

A COP30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que será realizada em novembro, em Belém (PA), representa uma grande oportunidade para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global e entre as muitas oportunidades que deverão ser apresentadas aos participantes do evento, um road show de financiadores de projetos estratégicos nessa área é uma delas. “Com essa parceria (iniciada nesta sexta-feira), a gente quer colocar dentro da COP30 a possibilidade de o centro DiMSUR em Londrina responder a essas necessidades e começarmos a atuar já para mitigar todos os problemas.”

Tanto quanto na educação técnica e tecnológica, Remane vê a inserção dos alunos da educação básica nos projetos de redução de impactos e danos climáticos como uma etapa fundamental. Informar esse público sobre o tratamento de resíduos sólidos e no uso consciente dos recursos naturais, por exemplo, terão um impacto a longo prazo. “Acredito que se Londrina for pioneira nessa estratégia, a resposta começa imediatamente e, no ano seguinte, já será possível ver o leito do rio ser ocupado de uma forma diferente. Se transbordar, as pessoas, automaticamente, já saberão o que fazer, como se proteger. Precisa haver um impacto comunitário primeiro”, pontuou Remane.

O secretário estadual de Inovação e Inteligência Artificial, Alex Canziani, explicou que a proposta da parceria com o DiMSUR inclui o NAPI (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação) Emergência Climática, da UEL, e deverá estimular a conexão com os professores da universidade. “A nossa ideia é ter uma agência voltada para desenvolver ações de monitoramento e mitigação dos desastres climáticos.”

A iniciativa conta com a parceria da Fundação Araucária e, de acordo com a assessora de Relações Institucionais e Inovação da fundação, Cristianne Cordeiro Nascimento, uma próxima etapa será promover uma reunião de trabalho com docentes do NAPI Emergência Climática que já atuam em projetos de pesquisa e estruturar um plano de trabalho que irá definir as futuras ações. “O DiMSUR tem expertise nessa área e vai trazer essa experiência e compartilhar conosco para a gente poder, juntos, achar soluções tanto para eles quanto para nós.”

"A partir desta primeira aproximação que o Alex está fazendo com o DiMSUR vai redundar em alguma coisa muito portentosa aqui para a nossa cidade em termos de solução para situações climáticas extremas, que vão ser uma recorrência daqui para frente", disse o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Marcos Rambalducci, que representou o prefeito Tiago Amaral na solenidade de assinatura do memorando.

Em maio deste ano, a Secretaria Estadual de Inovação e Inteligência Artificial e a Fundação Araucária inauguraram, em Londrina, o primeiro escritório regional de inovação fora da capital. O espaço, localizado na sede do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), deverá abrigar os supercomputadores, um avanço tecnológico viabilizado por meio de uma parceria com o C-DAC (Centro de Desenvolvimento de Computação Avançada), da Índia.

Ainda não há uma data prevista para a instalação desses equipamentos, mas Canziani e Cordeiro destacaram que uma das aplicações dos supercomputadores será auxiliar o DiMSUR na prevenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

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