Há cerca de quatro meses, o cenário era bem mais encantador, contam os amigos que vieram de Assis, no interior de São Paulo, para uma pescaria nos pés da ponte sobre o Rio Paranapanema. Acessar o ponto ideal para instalar as varas de pescar dependia de uma caminhada bem menos “acidentada” em comparação com que a exige o atual momento. “Desde a última chuva boa que deu já baixou uns três metros esse rio aí. A água estava naquela segunda marca”, apontou o caminhoneiro José Donizete Proença, 59, que há vários anos pesca no local. “Uma vez que nós viemos aqui a água estava lá em cima”, completou.

Na tarde desta quinta-feira (21), quando a FOLHA esteve no local, a vontade dele e dos companheiros de pescaria era de voltar para Assis trazendo cerca de dois quilos de Piauçus ou Tucunarés cada. Este era o "saldo" dos dias gloriosos de pescaria, jurou o caminhoneiro quando questionado se a informação não passava de "história de pescador". Neste contexto, esperar por boas “brigas” para tirar o peixe da água seria pedir ainda mais à natureza. “Raramente dá pra você pegar, viu? É época que dá. Dia bom dá pra pegar uns dois quilos e pouco, os grandes né, as miúdas a gente solta, não usa rede né”, garantiu.

Para quem vinha com o pai pescar na região e hoje traz o filho em busca de afastar as recentes preocupações trazidas com a pandemia do novo coronavírus, é difícil não desanimar. É o caso do funcionário de uma restauradora de pneus de Assis, Alexandre Barbosa dos Reis, 42, que contou à reportagem que acredita ser este o nível mais baixo do rio dos últimos 15 anos. “Cada vez mais abaixando aqui. Pescava lá de cima, sempre a água estava lá em cima”, apontou para um local cerca de três metros acima do nível atual. Com o olhar perdido no horizonte da bacia do rio que corta quatro municípios do Paraná, a impressão foi de que a estiagem até fez diminuir a distância entre os dois estados.