O Paraná é o quarto estado brasileiro com o maior saldo de empresas criadas em 2021, segundo levantamento realizado pelo Sebrae. No primeiro quadrimestre do ano, foram abertos 73,4 mil CNPJs, e fechados 23 mil no Estado, com saldo de 50,4 empresários que fizeram o cadastro de Pessoa Jurídica. Na primeira posição, está São Paulo, com saldo de 210 mil empresas, seguido de Minas Gerais (77,3 mil) e Rio de Janeiro (76,3 mil).

A maioria das empresas criadas é dos setores de vestuário e acessórios (56 mil)
A maioria das empresas criadas é dos setores de vestuário e acessórios (56 mil) | Foto: iStock

De janeiro a abril de 2021, mais de um milhão de novas empresas abriram as portas no Brasil. Ao longo de todo o ano de 2020, o número de negócios abertos foi de 4 milhões. O número de empresários que tiveram de fechar as portas nos quatro primeiros meses do ano foi de 317 mil, contra 1 milhão em todo o ano de 2020. A maioria das empresas criadas é dos setores de vestuário e acessórios (56 mil), promoção de vendas (46 mil) e cabeleireiro, manicure e pedicure (36 mil).

Entre os pequenos negócios, os MEIs (microempreendedores individuais) têm a maior taxa de mortalidade (29%). Nas microempresas, o índice é de 21,6%, e nas empresas de pequeno porte, de 17%. No Paraná, o índice de mortalidade das pequenas empresas é de 28%.

Dentre as empresas fechadas em 2020, havia uma proporção maior de pessoas que abriram o negócio por necessidade (33%) e estavam desempregadas (59%). A figura do MEI (microempreendedor individual) é a "porta de entrada" para quem quer empreender. "A pandemia levou muitos a buscarem através do MEI uma forma de gerar sustento e realizar sonhos que acreditavam não serem possíveis", comenta a gerente da Sala do Empreendedor de Londrina, Marilsa Faria Cardoso de Miranda. "Muitos que tinham renda fixa, hoje não tendo, estão se formalizando como MEI."

Em quase seis meses, o espaço formalizou mais da metade da quantidade de MEIs do ano passado. Enquanto em todo o ano de 2020 a Sala do Empreendedor formalizou 457 microempreendedores, de 1º de janeiro a 15 de junho, foram cadastrados 296. Ao mesmo tempo, a quantidade de baixas nos primeiros seis meses do ano (102) já se aproxima do número de todo o ano passado (131).

"Devido à pandemia ter atingido todas os setores, e também aos lockdowns, o ano de 2020 foi atípico", afirma Miranda. "Portanto, os dados de formalização de MEI e baixa foram números que em períodos normal seriam diferentes." Para ela, a mortalidade de empresas tem relação direta com a pandemia, que fez com que muitos ficassem impossibilitados de manter suas atividades. Isso sem contar os falecidos pela própria doença. "Os dependentes nos procuram para dar baixa no CNPJ do falecido e também para o auxílio da previdência que possuem direito."

A pandemia do coronavírus foi considerado um dos principais motivos que levaram ao fechamento da empresa (40,8%). Em seguida, vêm a falta de dinheiro, financiamento ou capital de giro (21,5%) e vendas muito baixas, prejuízo ou falta de clientes (20%). Crédito mais facilitado foi citado por 34% como um auxílio que poderia ter evitado o fechamento da empresa, seguido de mais clientes (25%) e menos encargos e impostos (21%).

A maior parte dos negócios que fecharam no Brasil no ano passado são do setor de comércio (30,2%), indústria da transformação (27,3%) e serviços (26,6%), segundo o Sebrae. "A pandemia trouxe uma realidade diferente, fez que muitas empresas que abriram no formato presencial fossem mais impactadas", afirma Carla Selva, consultora do Sebrae/PR. "Mas, ao mesmo tempo, as empresas que já se reinventaram e conseguiram se reposicionar de forma digital, apresentando serviços remotos, de drive thru, ainda estão no mercado", ela continua.

Cinthia Regina Corrêa Do Val tinha acabado de alugar um salão para o seu negócio de decoração de eventos, quando a pandemia começou. A partir de então, os clientes começaram a cancelar e adiar os eventos, e a empresária precisou buscar um novo meio de sustento.

No Dia das Mães, clientes perguntavam se Do Val fazia cestas matinais, algo que ela nunca tinha pensado antes. "Como tenho habilidade para montar arranjos, as pessoas perguntavam", conta. A partir daí, a empresária começou a fazer cestas para diversas ocasiões, acrescentando ao produto itens de acordo com o cliente, como queijos, chocolates, cervejas e, claro, flores naturais. Logo na primeira data comemorativa, ela conseguiu vender 18 cestas.

Depois da pandemia, quando o negócio de decoração de eventos puder ser retomado, a empresária pretende continuar com o novo negócio. "É uma coisa que consegui agregar, e gostei bastante da ideia. Com a pandemia, temos que nos abrir a novas ideias."

Imagem ilustrativa da imagem Paraná tem quarto maior saldo de empresas abertas em 2021

Preparação é essencial para aumentar a sobrevida dos negócios

Para iniciar o novo negócio de cestas matinais, a empresária Cinthia Do Val fez pesquisas, buscou consultoria e foi atrás de organizar a identidade visual, o marketing da empresa. Agora, com uma página no Instagram, começou a postar fotos dos produtos na rede para atingir os novos clientes.

Segundo o levantamento do Sebrae, é grande o índice de empreendedores que não tinham conhecimento ou experiência anterior no ramo entre os que precisaram fechar as portas (33%). Para a consultora do Sebrae/PR Carla Selva, a preparação é crucial para se abrir uma empresa. "Quanto mais estiver preparado, mais as chances de sobrevivência." Entender o mercado, as necessidades do cliente e ter um bom fluxo de caixa são essenciais.

Abrir um negócio em formato híbrido também é algo a se pensar neste cenário de pandemia, afirma a consultora. "Os novos negócios já precisam pensar em um novo modelo, em ter um negócio híbrido que possa atender presencial e que também tenha a opção de o cliente acessar de forma remota ou digital."

É se planejando que os empreendedores também poderão saber quanto precisam para colocar o negócio em operação, e conhecer as fontes de recursos disponíveis para MEIs, por exemplo. "Como eles não fazem planejamento, não têm noção da necessidade de recursos financeiros e desconhecem que podem ter acesso a crédito com mais facilidade", avisa Selva. Já para os negócios que já estão em atividade, a consultora recomenda manter um cadastro completo dos clientes para manter contato com o seu público na pandemia.

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