Imagem ilustrativa da imagem Mais milho com equilíbrio
| Foto: Arquivo Folha



Os agricultores paranaenses tendem a ampliar a área plantada com milho em 15%, em busca de uma produção até 47% maior na safra 2018/19, em relação ao ciclo 2017/18, segundo estimativas do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria do Estado de Agricultura e Abastecimento). Cooperativas e integradoras incentivam essa inclinação depois de um ano em que houve quebra de safra causada por problemas climáticos e alta nos preços além do ponto de equilíbrio, que é quando a média garante o lucro tanto para quem vende quanto para quem compra o grão para usar na ração animal.

Outro grande produtor de milho, a Argentina também contou com perdas motivadas pelo clima. Segundo relatório do Deral divulgado na última semana, isso levou à redução dos estoques mundiais, diante de uma produção de 1,034 bilhão de toneladas (t) e de um consumo de 1,060 bilhão. A diferença é pequena, mas indica um volume armazenado estimado em 198 milhões de t, que suprem a demanda por cerca de 70 dias.

A produção no ciclo 2017/18 ficou em 11,9 milhões de t e a expectativa para o ciclo que começa a ser colhido nos próximos meses é de algo em torno de 17,5 milhões. Para tanto, o Deral ainda aguarda uma melhor definição sobre o plantio da segunda safra, que é a principal no Estado e representa 85% de toda a área plantada. É na cultura de inverno que há uma perspectiva de alta de 16% no espaço para a produção do grão.

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"Em condições normais, devemos colher mais de 18 milhões de t, mas esperamos que fique acima de 17 milhões", diz o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio. Ele afirma que o aumento da área plantada é considerado normal, já que o preço teve um aumento significativo entre 2017 e 2018.

A diferença é de 36%, com o custo médio da saca em R$ 29,24 nos primeiros dez meses deste ano. O mesmo indicador foi de R$ 21,46 durante 2017. "É uma recomposição de perdas anteriores, que pode ser influenciado pelo preço e pelo mercado como um todo, que está menos abastecido do que nos outros anos", diz Gervásio.

Se concretizadas as projeções, o mercado de compra e venda de milho deve se reequilibrar a partir do fim do primeiro semestre de 2019. "As cooperativas incentivam o plantio para a segunda safra porque estão preocupadas pela oferta de milho para avicultura e suinocultura", diz o gerente técnico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), Flávio Turra.

Se na região Oeste do Estado a demanda é maior por esse grão pelo perfil da integração com os granjeiros, no Norte e Noroeste o baixo preço pago pelo trigo deve servir como atrativo para o milho. Com aumento também previsto para a área de soja, o representante da Ocepar afirma que feijão e trigo perderão espaço. "O plantio de soja foi mais tranquilo desta vez, logo no início da janela e sem enfrentar dificuldades climáticas, então vai permitir colher na época certa e também plantar o milho no período ideal", diz.

No ciclo anterior, houve atrasos no desenvolvimento da soja pela falta de luminosidade e excesso de chuvas, o que atrasou o cultivo do milho e fez com que parte dos produtores optasse pelo trigo para o inverno.