Vânia Casado
De Curitiba
O Paraná perdeu a liderança na produção de soja para Mato Grosso na safra 99/2000. O Estado vinha ocupando a posição de primeiro produtor do País desde a safra 95/96 quando superou o Rio Grande do Sul em volume de produção. A perda de posição foi causada pela forte estiagem ocorrida no segundo semestre, que agora está revelando seus estragos.
A produção de soja do Paraná cai de 7,75 milhões de toneladas, obtidas na safra anterior, para 7 milhões esse ano – uma redução de 10%. Enquanto isso, a safra do Mato Grosso, que não teve problemas com a estiagem está superando as expectativas. O último levantamento da Conab estima a produção em 7,463 milhões de toneladas, mas o mercado está avaliando um volume superior a 7,5 milhões de toneladas.
Por causa da seca, a produtividade da soja no Paraná despencou. Caiu de 2.790 quilos por hectare na safra passada, para 2.470 quilos por hectare esse ano, uma redução de 11%. A engenheira agrônoma do departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura (Deral), Vera Zardo, não acredita que o Paraná vai perder a liderança de forma definitiva, como ocorreu com o Rio Grande do Sul, que sofreu sucessivas frustrações de safra. A Secretaria da Agricultura considera que a cultura já está consolidada, onde os produtores preferem plantar a soja na safra de verão e o milho safrinha no inverno.
‘‘Aqui os avanços na produtividade se sucederam nos últimos anos, a área plantada aumentou e a lei Kandir deu competitividade ao produto’’, justificou Vera Zardo. No Paraná, a produção de soja chegou a bater o quinto recorde consecutivo até a safra passada. ‘‘Não fosse a estiagem, ela continuaria no patamar dos anos anteriores em função da área plantada, que atingiu 2,83 milhões de hectares de um total de 6,27 milhões de hectares ocupados com o conjunto das culturas da safra de verão, incluindo o milho safrinha e o feijão das secas’’, acrescentou.
A técnica do Deral destacou ainda que a produção do Paraná avançou em tecnologia, sendo que a pesquisa desenvolveu cultivares mais produtivas e a técnica do plantio direto já atinge 80% da área plantada, fator que também contribui com a elevação da produtividade.
No Mato Grosso, o clima foi bastante propício para o desenvolvimento da cultura, disse o analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Marco Antonio de Carvalho. Segundo ele, na região Centro-Norte, que concentra entre 60% a 65% da produção de soja do estado, deverá ter uma produtividade entre 2.800 e 3.000 quilos por hectare. A produção na região foi favorecida pelo clima amazonico, destacou. Além disso, os produtores são de altíssima tecnologia porque ainda estão conseguindo superar as dificuldades de logística no escoamento da safra.