Imagem ilustrativa da imagem Paraná gera 140 mil vagas temporárias em 2020
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A pandemia gerou aumento do trabalho temporário em todo o Brasil. Depois da onda de demissões no primeiro semestre de 2020, consequência dos decretos municipais que determinaram a suspensão das atividades consideradas não essenciais, o setor produtivo reaqueceu e foi das indústrias que surgiu a maior demanda por vagas temporárias no País. Nesse cenário, o Paraná se destacou e subiu da quinta colocação em 2019 para a terceira no balanço dos estados que mais contrataram por essa modalidade no ano passado. Dos mais de dois milhões de postos criados, 7% foram no Estado, o que corresponde a 140 mil trabalhadores temporários contratados, segundo balanço da Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário).

Em 2019, o número de contratações temporárias no País havia fechado em 1.485.877. Em um ano, houve alta de 34,8%, encerrando 2020 com um total de 2.002.920 contratos assinados, o melhor resultado registrado desde o início da série histórica, em 2014. “O trabalho temporário já vinha crescendo em janeiro e fevereiro, com as contratações do agronegócio. Depois, no segundo semestre, não foi o agronegócio que comandou as contratações, foram as indústrias. Outubro foi o melhor mês da série histórica”, disse o presidente da Asserttem, Marcos de Abreu.

Historicamente, o comércio liderava as contratações temporárias, especialmente no segundo semestre, para atender o aumento de consumidores no período natalino. No ano passado, no entanto, o perfil das contratações mudou e 65% dos temporários foram absorvidos pelo setor industrial. A indústria da transformação recrutou mais de 50% dos trabalhadores nessa modalidade de contrato. Os segmentos que mais abriram vagas foram alimentos, farmacêutico, embalagens, metalurgia, mineração, automobilístico, agronegócio e óleo e gás. O comércio teve uma participação de 10% e serviços, 25%.

Regido pela lei federal 6.019/74 e pelo decreto nº 10.060/2019, o trabalho temporário implica uma série de vantagens aos empregadores. A agilidade no processo de contratação é a maior delas, mas há ainda a redução de alguns encargos trabalhistas, como a inexistência de aviso prévio e a desobrigação de pagamento de 40% de multa sobre o valor do FGTS em caso de desligamento. “A insegurança dos empregadores e a velocidade da contratação são os principais fatores que levaram ao aumento das vagas temporárias. A empresa não sabe por quanto tempo a demanda vai continuar. Mas boa parte dos trabalhadores está sendo efetivada e outra parte dos contratos está sendo alongada”, comentou Abreu.

Paraná

O Paraná seguiu a tendência observada no restante do País e, no Estado, além da indústria da transformação, a superintendente de Expansão de Negócios e responsável pelas operações da consultoria de recursos humanos Luandre no Sul do País. Angelina Vinci, destaca os setores de saúde, logística e e-commerce como impulsionadores do mercado de trabalho temporário. Expansão que está diretamente relacionada à pandemia. “Na saúde, foram contratados trabalhadores para atendimento nos hospitais. Houve uma mudança no perfil dos temporários para atender a demanda. Antes da pandemia, o contrato era de poucos meses, mas agora se estendeu. A demanda continua e traz um incremento no mercado de trabalho”, pontuou.

Os setores de logística e e-commerce também tiveram crescimento além das expectativas em 2020 em razão do isolamento social, que ocasionou mudanças nos hábitos de consumo. “No início, as pessoas passaram a comprar muito on-line porque estavam isoladas, mas a consequência foi uma mudança no comportamento do consumidor”, avaliou a superintendente. “A saúde e o e-commerce superaram qualquer expectativa nossa.”

No ano passado, disse Vinci, caiu o recrutamento para as vagas efetivas e 80% das operações da consultoria foram voltadas aos temporários. Neste começo de ano, as vagas efetivas começam a retornar. “As contratações foram congeladas em março do ano passado e estão voltando agora. Há uma movimentação da indústria já se preparando para um ano mais positivo. Não digo que está 100%, mas as indústrias já estão arquitetando uma retomada boa até o final de 2021. E os temporários estão se tornando efetivos. Aqueles que performaram bem, estão tendo oportunidade de ficar.”