São Paulo - O jeans é o carro-chefe do pólo têxtil localizado nas regiões norte e noroeste do Paraná, considerado um dos mais importantes parques industriais do País. De lá sai quase toda a produção que abastece redes como Ellus, Zoomp e Forum. Trata-se de um corredor de 100 km que envolve as cidades de Maringá, Londrina, Apucarana e Cianorte, cuja produção chega a 130 milhões de peças por ano e o faturamento bate os R$ 2 bilhões. As cidades formam também o chamado corredor da moda. Existem ali 12 centros atacadistas e mais um está em construção em Maringá, com 160 lojas.
Das 4 mil confecções existentes no Paraná, cerca de 2 mil estão neste pólo. São desde tecelagens até lavanderias, fabricantes de materiais de acabamento, confecções propriamente ditas e até mesmo produtores de seda. Além do jeans, que responde por cerca de 70% do faturamento, as empresas da região atuam também nos segmentos de malharia, infantil, lingerie, moda praia e a chamada modinha (roupas do dia-a-dia). Marcas conhecidas de lingerie, como a Reco, e de jeans, como Pura Mania, Osmose (jeans), Kez (fitness), Titus (jeans), Lado Avesso (jeans) e Camisaria Nacional.
O pólo é também um importante produtor de bonés e hospeda um consórcio de exportação que reúne dez empresas, com sede em Apucarana, com capacidade de produção de 1 milhão de unidades. Um dos maiores clientes são os Estados Unidos, que compram o artigo do Brasil para compor os uniformes de seus times de diversas modalidades esportivas. Algumas empresas locais também produzem para equipes de Fórmula 1 e os promocionais. Em todo o pólo, são cerca de 200 fabricantes de bonés, que produzem 5 milhões de unidades por mês.
De acordo com o coordenador do projeto de apoio a indústria do vestuário do Sebrae-PR, Paulo Di Chiara, os produtos brasileiros concorrem em condição de igualdade com os da Coréia e Porto Rico em razão de seu preço competitivo. Mas as empresas locais precisam ainda investir muito em tecnologia para se capacitarem a atender o mercado externo, que exige regularidade de fornecimento, por exemplo, e vencer a resistência dos fabricantes. ''Exportar para a pequena empresa ainda é um mito'', argumenta Di Chiara.
A preocupação do Sebrae, disse ele, é preparar estas empresas para a Alca. Os bonés brasileiros sofreriam forte concorrência dos fabricados na América Central, que têm grande expertise na área, além de tradição no comércio com os EUA.
O Paraná é o segundo maior pólo confeccionista brasileiro em produção e o terceiro em faturamento, depois de São Paulo. Além da região de Maringá, a grande Curitiba também destaca-se na área de malharia retilínea, as conhecidas blusas de tricô. Já existem no Estado oito cursos de moda de nível superior. Das cerca de 4 mil indústrias paranaenses, apenas 70 ou 80 exportam, mas de forma irregular. Em 2002, foram US$ 1,7 bilhão em vendas externas.