Paraná é o 4º estado com mais empresas abertas em 2024
Estudo aponta 341 mil novas empresas paranaenses no ano passado, a maioria, micro e pequenas; mortalidade também cresceu, com 231 mil registros
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 13 de maio de 2025
Estudo aponta 341 mil novas empresas paranaenses no ano passado, a maioria, micro e pequenas; mortalidade também cresceu, com 231 mil registros
Simoni Saris - Grupo Folha
O Paraná foi o quarto estado brasileiro que mais abriu empresas em 2024. Ao todo, foram 341 mil novos CNPJs. O ritmo de abertura de novas empresas no Estado seguiu uma tendência observada em todo o país. O número de registros no Brasil cresceu quase 8%, ultrapassando a marca de 64 milhões de empresas no último mês de março, o maior volume da série histórica.
Analisando apenas os números das empresas ativas, a alta no país foi ainda maior, de 16,11%, saltando de 21,8 milhões para 25,3 milhões.
O levantamento é da BigDataCorp e foi divulgado na segunda edição do estudo “CNPJs do Brasil”, que analisa o cenário das empresas no país.
O Paraná tem, hoje, 1.577.649 CNPJs ativos, o que corresponde a 7,15% na participação do mercado nacional. Com esse número, o Estado lidera a abertura de empresas na Região Sul, à frente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
O CEO da BigDataCorp, Thoran Rodrigues, aponta três possíveis razões para essa expansão dos negócios em operação. A primeira delas é a implementação de uma política pública de desburocratização, que facilitou o processo de abertura e fechamento de empresas.
Um segundo ponto é o movimento pelas características do mercado privado, que impulsionou a formalização dos negócios. “Teve os serviços digitais, como a maquininha de cartão, o celular corporativo, aos quais só é possível ter acesso com empresas formalizadas”, disse Rodrigues.
E por fim, a pejotização dos trabalhadores, muitas vezes relacionada à precarização das condições trabalhistas que leva muitos profissionais a empreenderem por necessidade.
Quando se analisa o perfil das empresas, o avanço maior foi entre as micro e pequenas. Atualmente, elas constituem 88,49% das organizações brasileiras.
As MEIs (microempresas individuais) tiveram alta de 20,90% nos últimos 12 meses e representam 78,74% dos CNPJs ativos em todo o território nacional.
Em seguida, a categoria que mais cresceu foi a das pequenas empresas familiares com dois ou mais sócios, todos membros de uma mesma família. Essa parcela corresponde a 9,75% do total dos negócios em atividade.
Rodrigues afirmou que a evolução desse tipo de negócio é decorrente de transformações importantes na sociedade e na economia brasileiras.
Um dos dados apontados no estudo é o crescimento das empresas que declararam como suas atividades econômicas principais a promoção de vendas ou o apoio administrativo. Duas atividades frequentemente realizadas por trabalhadores que estão migrando para um modelo de pessoa jurídica.
Entre os CNPJs abertos no ano passado, 6,76% atuavam na promoção de vendas ou no setor de apoio administrativo.
O CEO chama a atenção ainda para a formalização de pequenos negócios vinculados à chamada “gig economy”. O termo em inglês designa a economia alternativa da era digital, pautada na prestação de trabalhos temporários ou de curto prazo para diversas empresas.
A gig economy abrange, por exemplo, as atividades no setor de transporte, tanto de passageiros quanto de cargas. Nessa categoria econômica entram os motoristas de aplicativo e aqueles que atuam na entrega de produtos vendidos pelo e-commerce.
O número de empresas abertas para prestação de serviços essenciais, como cabeleireiros e manicures, também está em forte crescimento.
Para o assessor econômico da Fecomércio-PR (Federação do Comércio do Estado do Paraná), Lucas Dezordi, o volume de novos CNPJs abertos também pode ser explicado pelos baixos salários pagos aos empregados com carteira assinada. No ano passado, 380 mil vagas foram abertas para trabalhadores celetistas no Estado, mas os valores dos salários iniciais, entre R$ 2,1 mil e R$ 2,2 mil, em média, são insuficientes para o custeio das famílias. Assim, a abertura de uma empresa passa a ser a opção de trabalho extra para muitos paranaenses.
Uma análise mais minuciosa desses dados, disse o economista, revelaria que muitos trabalhadores paranaenses mantêm um pé no emprego formal e outro no empreendedorismo por necessidade, como forma de complementar a renda.
São profissionais que paralelamente ao trabalho formal prestam serviços como contabilidade, consultoria, produzem pães, bolos e salgados, ou seja, cumprem dupla jornada, uma com carteira assinada e outra como PJ.
“A renda na formalização é muito baixa, mas, às vezes, o trabalhador conta com benefícios, como plano de saúde, FGTS, férias e 13º salário e auxílios, como alimentação e transporte. Mas para complementar a renda, ele abre uma empresa e atua como MEI”, avaliou Dezordi.
Seja qual for o motivo que tem levado os brasileiros a abrirem seus CNPJs, fato é que esse movimento está longe de chegar ao seu ápice, disse Rodrigues, que vê muito espaço para crescimento, podendo chegar a 60 milhões de empresas no país. “A presença de plataformas tecnológicas impulsionam a criação de empresas”, avaliou.

