De 2020 para 2021, o Paraná dobrou as fusões e aquisições de empresas, saindo de 60 operações para 121 no período. O volume desses processos, também chamados de M&A, do inglês Mergers and Acquisitions, elevou o Estado ao primeiro lugar do ranking regional, concentrando o maior número de transações na Região Sul do país. Santa Catarina ficou com a segunda colocação, com 98 fusões e aquisições, e em último, o Rio Grande do Sul, com 78. Os dados são da KPMG, empresa de auditoria e consultoria.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná dobra número de fusões e lidera transações na Região Sul
| Foto: iStock

As empresas decidem pelas fusões e aquisições pelos mais diversos motivos, mas os fatores econômicos ainda são a principal razão. “O volume de M&A reflete o bom desempenho relativo da economia do Sul e do Paraná, o que atrai investimentos de empresas nacionais e estrangeiras, mas há também o movimento de empresas do Sul fazendo aquisições para consolidar e expandir suas posições regionais”, explicou João Caetano Magalhães, diretor da empresa Redirection International, especializada nessas transações.

As cifras apontam o bom momento do mercado desse tipo de operação na Região Sul. No ano passado, foram movimentados R$ 69 bilhões no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, conforme levantamento da TTR (Transactional Track Record). O Paraná concentrou 42,6% do valor total, indicando que o Estado experimenta uma fase de consolidação desses processos que já dura três anos, avalia Caetano. Em 2018, o Paraná ocupava a última colocação do ranking por regiões, com R$ 3,4 bilhões transacionados. Em 2021, foram R$ 29,4 bilhões, alta de 764% no período.

Somadas as fusões e aquisições realizadas nos três estados da Região Sul, chega-se a um total de 297 transações de M&A em 2021, o que representa um incremento de 95% sobre o ano anterior. A participação do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul no número de transações dessa natureza cresceu, passando de 11,6% no primeiro semestre de 2019 para 15,4% em 2021, conforme apurou a KPMG. “Ao mesmo tempo que a participação do Sul cresceu, houve uma ligeira diminuição de 1,6% na fatia e mercado do Sudeste, embora aquela região continue respondendo pela maior fatia do mercado de M&A do Brasil (76% do total), em função principalmente do peso econômico de São Paulo”, analisou Caetano, que enxerga um grande potencial de crescimento para essa região do país. “Existe muito capital no mercado a ser alocado, muitos fundos querendo investir e também grupos corporativos buscando turbinar seu crescimento por meio das aquisições, principalmente nos setores de saúde, agronegócio e tecnologia, que são os que estão em tendência de alta na região.”

Caetano destacou ainda os bons resultados alcançados pelo Paraná na produção industrial, no setor de serviços e na geração de empregos, aspectos macroeconômicos que, segundo ele, ajudam a colocar o Estado em posição de vantagem. “(O Estado) Oferece estabilidade política e esses fatores influenciam diretamente o mercado de investimentos.”(Colaborou Simoni Saris)

Fusão da Viação Garcia e Brasil Sul saneou finanças e conquistou a liderança do mercado

Em 2014, a empresa de transporte rodoviário de passageiros Viação Garcia completava 80 anos em meio a uma grave crise financeira enquanto a concorrente Brasil Sul, criada em 2004, experimentava um momento de expansão. A fusão foi a saída encontrada para manter em atividade uma das mais tradicionais empresas do setor no Brasil.

Em uma transação pouco convencional no mercado, a empresa de menor porte comprou a maior, unindo tradição e modernidade. Para decidir pela fusão, a Viação Garcia considerou a sinergia que haveria na operação entre todas as empresas envolvidas – Brasil Sul, LondriSul, Garcia, Princesa do Ivaí e Ouro Branco -, reduzindo custos e gerando ganhos de produtividade, com aproveitamento de estruturas físicas, pessoal, sistemas e equipamentos.

Na avaliação da viabilidade da fusão das duas empresas, foi considerado o faturamento do grupo, ebitda esperado, total de passivo assumido e previsão, dentro desses parâmetros, de prazo de amortização. A conclusão foi que a operação geraria ganhos de escala nas compras de insumos, veículos e equipamentos. “Os desafios da fusão foram, antes de mais nada, equacionar as finanças da empresa, já que a Garcia tinha um passivo elevado naquele momento. Também foi um grande obstáculo integrar as culturas das duas empresas, até então concorrentes. Tivemos que vencer uma certa resistência entre os colaboradores para compatibilizar a gestão”, ressaltou o vice-presidente do Grupo GBS (Garcia Brasil Sul), Estefano Boiko Júnior.

No processo de recuperação da empresa também contou a experiência da nova administração que adotou medidas de saneamento financeiro, como redução de custos, corte de desperdícios e otimização da frota. Vencida a resistência inicial, o presidente do Grupo GBS, José Boiko, também atribui o sucesso ao comprometimento dos colaboradores. “Entenderam que a empresa superaria os desafios e se tornaria mais sólida, como ocorreu.”

Oito anos depois, o resultado alcançado pela Viação Garcia Brasil Sul é uma empresa sólida, líder do setor na Região Sul do país, com as finanças saneadas e em forte expansão, com investimentos em frota e modernização dos serviços. Desde 2014, as empresas investiram R$ 440 milhões na aquisição de 675 ônibus e uma nova sede está sendo construída em Londrina. Uma obra de 16 mil metros quadrados orçada em R$ 40 milhões. A empresa investiu outros R$ 25 milhões na construção de uma garagem inaugurada recentemente em Maringá (Noroeste). Atualmente, são 2,5 mil colaboradores para atender uma média de 22 milhões de passageiros ao ano, em sete estados.(Colaborou Simoni Saris)

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