Buenos Aires - O governo paraguaio de Federico Franco negou qualquer ameaça de interromper o envio do excedente de energia elétrica gerada pela usina binacional Itaipu/Yaciretá ao Brasil e à Argentina. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, o ministro de Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco José Rivas, disse que as declarações do presidente Franco foram mal interpretadas e reproduzidas pela imprensa fora do contexto.
''De nenhuma maneira temos a intenção de romper o tratado com os vizinhos que é determinante'', afirmou por telefone. ''O Paraguai não tem a mínima intenção de não entregar o que corresponde ao Brasil. Pelo contrário, somos respeitosos e valorizamos o país irmão. Às vezes, os discursos ficam fora de contexto. Não tem cabimento essa versão de não vender energia. O presidente não tem essa ideia'', insistiu.
Segundo ele, quando Franco disse que não continuará cedendo energia aos dois países estava referindo-se à que, no futuro, quando o Paraguai tiver capacidade instalada para usar os 50% da energia gerada, como estabelece o tratado, seu país pretende fazer uso desta eletricidade para desenvolver sua economia. ''Não temos capacidade para usar nossa energia nesse momento, mas o dia que tivermos as redes de transmissão e nossas indústrias para utilizar a energia que nos corresponde, nós o faremos e vamos renegociar o contrato com o Brasil e a Argentina. Esse é nosso objetivo'', explicou Rivas.
No entanto, o ministro deu a entender que o governo paraguaio vai pedir uma renegociação de preços da energia vendida ao Brasil e à Argentina. ''Sempre o vendedor quer o melhor, assim como o comprador. Qualquer um dos dois pode pedir o que é conveniente: US$ 0,50 ou US$ 1,00 mais... Vamos conversar, vamos discutir '', disse Rivas. Ele ressaltou que o governo de Franco, recentemente empossado logo depois de um sumário processo de impeachment de Fernando Lugo, vai respeitar 100% os acordos firmados pelos países. Também ponderou que a negociação dos preços é realizada a cada ano porque são necessários ajustes. ''Isso é normal e está previsto'', afirmou.
O ministro também confirmou informações que tinham sido antecipadas por fontes ligadas ao governo sobre uma negociação em andamento com a Rio Tinto para a instalação de uma fundição de alumínio no Paraguai e a venda de uma parte de energia usada pelo país à companhia. ''Estamos no começo do estudo do projeto Rio Tinto, que vai consumir cerca de mil megawatts de nossa energia, mas essas negociações têm ainda cinco etapas a serem percorridas'', disse Rivas. O ministro detalhou que a primeira etapa foi a apresentação do projeto e o consenso para avançar com as discussões.
A segunda fase terá início na próxima semana, na qual serão estabelecidas as condições de ambas as partes. Logo depois haverá um estudo sobre a viabilidade do projeto e sua posterior apresentação ao Congresso Nacional. A quinta etapa, segundo o ministro, será tomada a decisão final e irreversível de execução do projeto. Rivas não mencionou o montante de investimentos envolvidos no projeto.