O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) publicou nesta quarta-feira (28) uma análise de indicadores da Copel Telecom, que está em processo de privatização, e contrapôs argumentos favoráveis à desestatização da companhia. O leilão está marcado para o dia 9 de novembro, na B3, com preço mínimo de R$ 1,4 bilhão.

Imagem ilustrativa da imagem Para Dieese, Copel Telecom tem condições de se manter pública
| Foto: Divulgação Copel/AEN

Segundo o relatório, a Copel Telecom tem apresentado "resultados expressivos" nos últimos anos, acumulando R$ 510,6 milhões em lucro líquido e R$ 1,1 bilhão de Ebitda. A receita bruta tem se mantido acima dos R$ 600 milhões, em valores reais, com crescimento de 100,1% em relação ao ano de 2010 (R$ 283,5 milhões). A receita operacional líquida tem se apresentado no patamar dos R$ 500 milhões, com aumento de 77% na comparação com 2010.

De 2010 a 2019, a companhia investiu R$ 1,7 bilhão em valores reais, com média de investimentos equivalente a 52,2% da receita operacional líquida, montante considerado elevado em relação ao investimento realizado por outras operadoras. Grupos do setor de telecomunicações do Brasil como Claro, Oi, Tim e Vivo destinaram em média 23,2% da sua receita líquida para investimentos no período de 2012 a 2019, mostra o estudo do Dieese.

O relatório mostra ainda que a manutenção da Copel Telecom não foi um impeditivo para que o grupo expandisse suas atividades no setor de energia. No período de 2010 a 2019, a Copel destinou para investimentos em energia um volume de R$ 25,4 bilhões em valores reais, que o Dieese afirma ser "um dos maiores montantes mensurados no Setor Elétrico Brasileiro (SEB)".

"Parece ser no mínimo contraditório se desfazer de um ativo estratégico como esse, ou seja, os próprios documentos, informações e dados divulgados pela própria empresa servem como referência para a defesa da manutenção da Copel Telecom como empresa pública", diz o relatório.

O estudo aponta ainda que entre os anos de 2011 e 2019 o grupo Copel distribuiu em proventos (juros sobre o capital próprio e dividendos) R$ 5,0 bilhões em valores reais para os acionistas, valor R$ 1,7 bilhão acima do mínimo estabelecido legalmente de 25% do lucro líquido ajustado. Para o Departamento, a diferença poderia ter sido aplicada a investimentos na própria companhia, contribuindo para a geração de empregos e o fomento da economia.

"Além de perder um ativo importante, a privatização da Copel Telecom pode não resultar em aumento dos investimentos por parte da Copel Energia, mas pode sim resultar somente em mais dividendos para os acionistas", pondera o relatório.

Em nota, a Copel informou que "o processo é resultado de uma decisão estratégica para concentrar a atuação da Companhia na sua vocação, a de gerar, transmitir, distribuir e comercializar energia elétrica".

Além disso, destacou a transparência do processo ao submetê-lo a todos os ritos de governança do grupo, à anuência prévia da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a leilão público na Bolsa de Valores.

"Os funcionários da Telecom serão absorvidos pela Copel Energia e os clientes terão seus contratos preservados e seguirão com um serviço de alta qualidade, com a vantagem de contar com uma empresa que ganhará o benefício de competir com regras de mercado privado", diz a nota. O grupo observou ainda que toda a documentação pública do processo está disponível no site da Copel.