Imagem ilustrativa da imagem Papelarias registram queda de 90% nas vendas de material escolar
| Foto: Gustavo Carneiro

A incerteza sobre o retorno das aulas presenciais em boa parte das escolas mudou o cenário nas papelarias da cidade. A quantidade de pais com a lista de material escolar nas mãos fazendo cotação de preços e enchendo cestinhas com cadernos, estojos, lápis e cartolina caiu drasticamente. Lojistas falam em queda de 90% no movimento neste início de ano e já se preparam para dias difíceis no decorrer de 2021.

A dona de casa Vanessa de Lima Cardoso tem dois filhos no ensino fundamental e, nesta quarta-feira (13), estava em uma papelaria pesquisando preços de alguns itens, como cadernos, lápis, borracha. Mas, segundo ela, a compra, se for feita, vai ficar mais para o final deste mês. Sem saber se as escolas municipais irão retomar ou não as aulas presenciais, Cardoso prefere economizar o dinheiro. “Eu estou só olhando pra ter uma base dos preços dos materiais. Mas se eles não forem voltar para a escola, vou comprar bem pouco. A situação financeira não está boa lá em casa e só vou gastar se realmente for necessário”, comentou.

A vendedora autônoma Liara Cláudia Martins Rodrigues também não pretende comprar nenhum material agora. No ano passado, boa parte dos itens que ela havia comprado para a filha foram devolvidos pela escola quando as aulas foram suspensas e se as aulas presenciais retornarem, boa parte será aproveitada. “Em outros anos, nessa época, eu estaria enlouquecida atrás de material escolar, fazendo as contas para ver se iria caber no bolso, mas neste ano é diferente. É melhor esperar para ter certeza mesmo porque tenho uma boa quantidade de material guardada em casa.”

Proprietário da Mega Feira Escolar, uma das papelarias mais movimentadas de Londrina em janeiro e fevereiro, Álvaro Loureiro Júnior calcula em 90% a queda nas vendas neste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. “A indecisão dos órgãos públicos em relação às aulas presenciais deixa os pais em uma situação indefinida. Como eles vão comprar material escolar sem saber se vai ter aula?”

Em anos anteriores, nessa época, as sete lojas da rede de papelarias de Loureiro estariam lotadas e com 80 funcionários contratados temporariamente para dar conta da demanda de clientes. Neste ano, nenhum contrato temporário foi assinado. “A economia do ano começa a girar com as vendas de material escolar. Meu segmento é o primeiro que começa a gerar emprego e aquele fluxo gera um aquecimento na economia. Mas, neste ano, eu gerei zero emprego”, comentou. “E é uma cadeia. Se eu comprava R$ 500 mil de um fabricante de cadernos e deixo de comprar, a indústria vai ter uma redução na produção.”

“Não dá nem para dizer que o movimento caiu porque nem começou”, lamenta a proprietária da Artpel Papelaria, Alexssandra de Lima. Todos os anos, os clientes à procura de material escolar começam a chegar em dezembro, mas é depois do dia 10 de janeiro que as vendas aquecem. Neste ano, porém, o cenário é bem diferente. “Passamos os materiais escolares para a frente da loja, porque nessa época a gente muda a disposição dos produtos, mas não está vendendo nada.”

Já prevendo um ano atípico, Lima contou que reduziu o valor investido em material escolar, mas as compras aconteceram porque mesmo na incerteza, as papelarias têm de estar preparadas, disse a lojista. “Vai ser um ano diferente e vamos ter que aguardar. Estamos com a esperança de voltarem as aulas presenciais”, afirmou a lojista. “Faz um ano que estou trabalhando no vermelho, mas as contas continuam chegando. IPTU, água, luz. Acredito que o nosso setor vai sentir muito durante três anos”, disse Loureiro.