A Companhia de Estágios, empresa especializada em programas de estágio, trainee e aprendizagem de São Paulo, realizou neste mês a 5ª edição da Pesquisa Carreira e Mercado, com ênfase no candidato a estágio no período de pandemia, com o objetivo de entender o cenário socioeconômico de jovens profissionais. O levantamento mostrou que o cenário da Covid-19 aumentou a pressão financeira sobre estagiários e candidatos a estágio, o número de estudantes buscando emprego para ajudar no orçamento familiar cresceu de 17% em 2019 para 20% em 2020.

Imagem ilustrativa da imagem Pandemia pressiona jovens a contribuir com renda familiar
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Em Londrina, a procura por estágio também seguiu em alta durante a pandemia. De acordo com Roseli da Silva Marques, Coordenadora Regional do Centro de integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE) de Londrina, não houve interrupção nos processos de formalização de estágios. “Mesmo com a pandemia, não paramos em nenhum momento de atender candidatos e de disponibilizar vagas. Reformulamos nosso atendimento para o funcionamento 100% virtual, por conta das medidas de segurança pelo coronavírus, desde cadastros até as próprias entrevistas de emprego dos candidatos. No início da crise da Covid-19 os jovens estavam inseguros e um pouco relutantes em buscar novas oportunidades de emprego, mas a partir de agosto, mais ou menos, senti que eles voltaram a atividade até com maiores expectativas”, comenta Marques.

Se bem aproveitada, a experiência dos estágio serve para abrir portas para o mercado de trabalho. É o caso de Beatriz Ganeo, estudante de Publicidade e Propaganda que trabalha atualmente como auxiliar de marketing. Para ela, o período de estágio é extremamente importante para o estudante que busca se especializar. “Tive a oportunidade de passar por diversas empresas como estagiária, desenvolvendo diferentes funções que me fizeram crescer pessoalmente e profissionalmente, além de aprender na prática com aqueles que já estão no mercado de trabalho há algum tempo. A experiência da qualificação faz o jovem se desenvolver e amadurecer”, comenta Ganeo.

A auxiliar de marketing comentou que a pandemia teve 98% de influência na sua decisão em procurar por um trabalho efetivo. “Eu gostava muito de um lugar em que eu estagiava, mas infelizmente eles não estavam com a possibilidade de me efetivar. Então, por segurança financeira e pelos novos rumos que minha vida estava tomando optei em entrar em uma empresa com cargo efetivo e ter maior estabilidade no último ano da faculdade”, explica.

Ganeo ainda relata que os gastos sempre estão presentes na vida dos jovens que fazem graduação, seja ele de universidade privada ou pública. “Existem diferentes realidades, e muitos não conseguem apenas estudar, precisam também trabalhar para ajudar nas contas. No meio da graduação tive a missão de ajudar nas despesas de casa, minha realidade mudou, precisei procurar um emprego efetivo e contribuir com uma quantia todo mês para ajudar minha mãe. Isso fez com que eu aceitasse qualquer setor que aparecesse primeiro, não focando somente na minha área, e isso tudo me fez suportar situações que eu jamais aceitaria em um ambiente de trabalho”, desabafa.

QUALIFICAÇÃO

Segundo Tiago Mavichian, CEO da Companhia de Estágios, muitos brasileiros foram dispensados de seus trabalhos na pandemia, com isso, é esperado que haja esse movimento entre os jovens para contribuir mais em casa. “O risco disso é eles acabarem no subemprego pela necessidade de ajudar a família”, alerta Mavichian.

Para evitar este cenário, mais estudantes estão investindo em qualificação. Neste ano, 29% dos entrevistados afirmaram estar fazendo cursos complementares na área de formação. No ano passado, eram 25%. Para Tiago este é um detalhe importante da pesquisa. “As pessoas estão buscando seguir os conselhos dos recrutadores. A pesquisa enfatiza a mudança de comportamento dos estudantes, com relação à própria carreira. O candidato entendeu que a qualificação é parte da saída da crise”, esclarece Mavichian.

Supervisão: Celso Felizardo, editor de Economia