País precisa de um Mandetta na economia, dizem empresários
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terça-feira, 24 de março de 2020
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A demora na divulgação de medidas econômicas para tentar conter os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus foi a principal queixa de empresários do setor de varejo e shoppings centers em reunião virtual promovida pela XP nesta terça-feira (24).
Alexandre Birman, da Arezzo, Carlos Jereissati Filho, do Iguatemi, Rafael Sales, do Aliansce, e Sebastião Bonfin, da Centauro, participaram do debate.
"O [ministro da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta é um maravilhoso comunicador. Cadê o cara da economia para dizer quais serão as medidas? Não estamos falando de nós, estamos falando das pessoas que precisam dessa grana. É preciso agir com rapidez", disse Jereissati.
O empresário também anunciou que suspendeu a cobrança de aluguéis dos lojistas dos shoppings da bandeira Iguatemi.
"Queremos dar fôlego e liquidez nesse momento. Também estamos cobrando condomínio com redução e o fundo de promoção levamos a zero em alguns casos. Essa é a nossa contribuição para nossos lojistas, mas não é suficiente", disse ele.
O empresário afirmou que o governo precisa fazer a parte dele e citou como exemplo não cobrar impostos por 90 dias. Tem que sair com soluções como foi no mundo inteiro".
A opinião é a mesma dos outros empresários que participaram da conversa. Bonfim, da Centauro, chegou a sugerir que o governo faça uma espécie de programa salário em dia.
"Jamais fui a nenhum governo pedir um favor sequer. Mas neste momento tem que ter uma sensibilidade. Eles [governantes] são, juntos com os empresários, responsáveis pelo pagamento da folha de pagamento. E falo isso pelos pequenos empresários", disse ele.
Rafael Sales, da Aliansce, uma das principais administradoras de shopping do Brasil, afirma que o país precisa de uma medida econômica real. "O drama humano do desemprego será maior do que o da saúde pública", disse.
A Aliansce também não cobrará aluguéis dos lojistas.
Segundo Alexandre Birman, da Arezzo, o país viverá uma deflação quando a quarentena acabar devido à mercadoria parada que não for vendida durante o período em que as pessoas não saírem de casa.
"Parou um estoque gigante e precisa dar vazão a isso de alguma forma. Claro que vai ter um ajuste de acordo com poder aquisitivo, uma deflação massiva. Os estoques vão ter que ser colocados à venda com um preço diferente", afirmou.