Agência Estado
De Brasília
O Brasil abriu o ano com uma melhora nas contas externas. Nas operações de comércio e serviço com o exterior, chamadas de transações correntes, foi registrado um déficit de US$ 929 milhões. É o melhor resultado obtido nestas operações desde janeiro de 97, quando o saldo das transações correntes ficou deficitário em US$ 522 milhões. Os números foram divulgados ontem pelo Banco Central.
O chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, também informou que o Brasil cumpriu todas as metas constantes do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a área externa. A meta para a dívida externa do setor público não-financeiro era US$ 93,7 bilhões e ficou em US$ 84,3 bilhões. Esta mesma dívida no curto prazo não deveria ultrapassar US$ 5,41 bilhões, mas ficou em US$ 3,31 bilhões.
No tocante à dívida privada com garantia do governo, o FMI fixou o teto de US$ 1,58 bilhão, mas o valor ficou abaixo em US$ 919 milhões. O piso mínimo para as reservas líquidas tinha meta de US$ 20,3 bilhões, mas o Brasil fechou o ano com reservas líquidas em US$ 24 bilhões.
Sobre a melhora no saldo de transações correntes no mês passado, ele explicou que é consequente da recuperação da balança comercial e da queda dos gastos com serviços. Em janeiro do ano passado, o déficit da balança comercial chegou a US$ 696 milhões e, no mês passado, foi de US$ 94 milhões. No mesmo período, a conta de serviço saiu do saldo negativo de US$ 1,75 bilhão para US$ 967 milhões.
No prazo de doze meses encerrados em janeiro, o déficit em transações correntes ficou acumulado em US$ 23 bilhões, o correspondente a 4,09% do Produto Interno Bruto (PIB). Também somente em janeiro de 97 havia sido obtido um resultado melhor com o saldo negativo US$ 22,4 bilhões. A previsão do governo é fechar o ano com o déficit de US$ 23,5 bilhões.
Continua pesada, no entanto, a conta de juros que encerrou janeiro negativa em US$ 808 milhões, superior aos gastos do mesmo período do ano passado que ficaram em US$ 730 milhões. Lopes disse que o BC prevê gastar US$ 16 bilhões com o pagamento de juros até o final do ano. Ao longo de 99 foram US$ 15,1 bilhões. A elevação, segundo explicou, é decorrente do aumento do endividamento externo e também da queda das receitas.