Segundo especialistas, independentemente da época, o ouro deve ser um ativo a mais na cesta dos investidores
Segundo especialistas, independentemente da época, o ouro deve ser um ativo a mais na cesta dos investidores | Foto: Divulgação

Toda vez que há ameaça de crise internacional, ele se valoriza. Foi assim na semana passada, com o recrudescimento da disputa comercial entre Estados Unidos e China. O grama do ouro chegou à marca de 48,27 dólares, nesta terça-feira (13), o maior valor em pelo menos seis anos. “Historicamente, sempre que há algum tipo de incerteza global, os investidores partem para o ouro, que consideram um porto seguro”, diz o assessor de Investimentos Eduardo Guergoleti, sócio proprietário da youp! Financial Group, credenciada à Guide Investimentos.

Mas, na opinião do assessor, não é o caso de trocar outros investimentos pelo metal. “Até porque, após a tensão, o valor do ativo tende a cair.” O ouro, segundo Guergoleti, deve ser um ativo a mais na cesta dos investidores. “Ter uma diversificação em ouro é bom para o longo prazo”, conta.

Ele alerta que “tem muita gente ganhando dinheiro” com o comportamento de manada que às vezes toma conta dos investidores. “É preciso tomar muito cuidado e não ir na maré dos outros.”

Guergoleti afirma que há muito exagero no mercado financeiro. “Acham que vai haver uma guerra comercial e o mundo vai acabar. Não é assim.”

Imagem ilustrativa da imagem Ouro, um ativo de respeito
| Foto: Folha Arte

Segundo o economista Gabriel Vansolini, sócio da Bravus, credenciada à XP Investimentos, os investidores estão em “standy by” devido à crise entre China e Estados Unidos. “Tem gente preocupada, mas ainda não há orientação para mudar portfólio”, declara.

Se a guerra comercial de fato acontecer, ele diz ser possível “tomar uma posição mais defensiva” com o ouro. Mas Vansolini não aposta nesta hipótese. “Não acho que o Trump (presidente Donald Trump, dos EUA) vai peitar a China. Não acho que ele queira ser lembrado como presidente de um mandato só. Acho que (a crise) vai ser resolvida em breve. Ele precisa da economia e do mercado financeiro funcionando para se reeleger.” Se Trump cumprir a promessa de taxar em 25% todo produto chinês, na opinião de Vansolini, a economia mundial irá “ao chão”.

Assim como Guergoleti, o economista da Bravus indica o ouro como um dos ativos dentro de uma carteira diversificada, independentemente do cenário político-econômico. E ressalta que, para investir no metal, não é preciso adquiri-lo fisicamente. “Temos contratos futuros de ouro, fundos de investimentos lastreados em ouro, COEs (Certificados de Operações Estruturadas) com lastro em ouro e o ouro em si.”

PEQUENOS INVESTIDORES

Para Larissa Silva, gerente de Marketing da Parmetal DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), alocações em ouro, de 2% a 10% da carteira, podem proteger e melhorar o desempenho dos investimentos. “Cada vez mais pequenos investidores vêm apostando em ouro. Mesmo assim, o metal representa menos de 1% das alocações em ativos financeiros no Brasil”, afirma.

Segundo a distribuidora, o valor do ouro move-se de forma independente dos demais ativos. “Nossa análise mostra que o ouro pode ser usado na carteira de investimentos para proteger o poder de compra global, reduzir a volatilidade do portfólio e minimizar as perdas durante os períodos de choque do mercado.”

O metal é um produto considerado líquido, que pode ser usado também quando a venda de outros ativos leva a perdas. “É um valor seguro sempre, enquanto que ações de empresas e outras modalidades de investimentos sofrem bastante em cenários de crise”, afirma Larissa.

O investidor pode comprar ouro e deixar a custódia na própria distribuidora. Nesta modalidade não há liquidação física. A liquidação se dá através de crédito ou débito em conta custódia de titularidade do cliente mantida na empresa. Outra possibilidade é o investidor retirar o ouro fisicamente. O metal é enviado pelos Correios em forma de barras.

TRIBUTAÇÃO

Uma vantagem que atrai adeptos para investir no metal é a possibilidade de isenção de imposto de renda com o limite de até R$ 20 mil. Acima desse valor, a rentabilidade das operações é taxada em 15%, independentemente do prazo, com exceção para aquelas que o mercado chama de day trade (compra e venda num mesmo dia). “A alíquota é muito interessante se comparada a outras modalidades que podem iniciar a tributação em 22,5%. Assim o investidor já tem o incentivo necessário para iniciar sua posição em ouro e diversificar seu portfólio de investimentos”, explica Larissa.

Gerente de Operações da Mesa de Ouro da Reserva Metais, Edson Magalhães diz que a procura por ouro aumentou dez vezes na Bolsa. De forma geral, o perfil do investidor é aquele que “tem medo de crises sistêmicas”.

A empresa envia as barras – de 5 a 250 gramas - por Sedex para todo o País. A mais pesada custa R$ 50 mil. “Até mil reais, o cliente pode comprar sozinho pelo próprio site. Acima disso, precisa ligar para a corretora porque é exigência do Banco Central.”