Oswaldo Petrin
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 25 de novembro de 1997
-O Bom desempenho do setor primário na balança comercial este ano - assunto principal desta página -, não é acompanhado pelos demais setores. Se os bons preços da soja e café puxam a receita da balança comercial agrícola para cima, no global, a balança ameaça fechar com o maior déficit dos últimos cinco anos. No ano, a balança acumula um resultado negativo de US$ 7,776 bilhões. A pouco mais de um mês para o final do ano, o número indica que, ao contrário do que o governo vinha prevendo até agosto, o déficit em 1997 ficará abaixo dos US$ 10 bilhões.
-Mas, o que tinha de acontecer de ruim com o desequilíbrio comercial já ocorreu este ano. Em 1998, as coisas tendem a mudar muito. Com a alta dos juros e o pacote de contenção de gastos editado recentemente pelo governo, os números da balança comercial devem melhorar. É que, em um cenário de retração da economia, as importações caem, e as exportações tendem a subir porque a queda do consumo interno permite um excedente maior para o mercado externo.
-Mas, não é só o ajuste fiscal que rebate no comportamento das exportações e importações. Ano político, o governo quer descaracterizar, em 1998, uma marca que é estigma no Plano Real: a insistência nas importações de alimentos, muitas vezes feitas de forma atabalhoada e exagerada, como no primeiro e segundo anos do Plano Real. Só que aquela realidade era bem outra. Em primeiro lugar, o governo tinha uma robusta reserva cambial e, além disso, precisava, a todo custo, manter os preços dos alimentos. Entre evitar qualquer ameaça ao novo plano econômico - projeto do governo encampado pela sociedade - e prejudicar a produção interna com grandes importações subsidiadas na origem, preferiu a segunda hipótese e importou tudo o que tinha e não tinha direito, naturalmente prejudicando a agricultura, porém mantendo engessados os preços da cesta básica.
-O outro aspecto, em favor da retomada do equilíbrio da balança ano que vem, é mais técnico. O governo não quer recorrer a instrumentos de correção monetária ou endurecer no enxugamento da máquina para assimilar as crises das bolsas que, certamente, terão seus contornos. Para garantir a entrada de dólares e não ter que segurar os investidores a custa da alta dos juros, vai incentivar as exportações, investindo nos itens que dão respostas mais rápidas, como as três principais commodities agrícolas: café, soja e suco. O governo vai incentivar as exportações de mais de 100 itens de manufaturados. O déficit comercial preocupa o governo porque eleva a dependência do país em relação ao capital externo, que precisa ser atraído para evitar uma perda de reservas em dólar, que ficou mais escasso após o crash global das Bolsas de Valores.
-O que se tem pela são mais dois meses marcadamente deficitários, com o fiel da balança pendendo para o lado das importações em novembro e dezembro. Mas isto passa. Agroceres
A Monsanto confirmou ontem a aquisição do controle acionário da Agroceres, empresa líder no mercado brasileiro de sementes de milho híbrido. Os detalhes do negócio serão divulgados hoje.
Monsanto
No ano passado a Monsanto deu um passo importante para ampliar sua presença no segmento sementeiro, ao adquirir o controle acionário da FT Sementes, sediada em Ponta Grossa (PR).
Taxas/ameaça
O ministro Porto minimizou ontem o temor de alguns setores de que a comercialização seja paralisada por causa da alta dos juros. Segundo ele, esse aumento é provisório e a tendência é que as taxas caiam até a colheita.
Terceiriza
O Conselho Deliberativo da Política do Café quer terceirizar a administração dos estoques do produto. A informação é de Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café.
Posição
Os estoques oficiais de café somam cerca de 11,7 milhões de saca, estocados em 48 armazéns, do Espírito Santo ao Paraná. Do total 3,7 milhões pertencem ao Tesouro Nacional e 8 milhões ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira.