Oswaldo Petrin
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 23 de abril de 2001
O governo agora terá uma justificativa plausível para problemas com o Plano Real, que já não vinha bem. O nome para eventual abalo será ataque especulativo, que também poderá levar o nome de efeito argentino. Ou o outro nome - nada defensável - de recessão norte-americana. Que o mundo inteiro sente e comenta, menos os cidadãos norte-americanos. Ontem o ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, destilou um pouco de terrorismo no mercado com sua previsão de que há grande chance de o Banco Central convocar uma reunião extraordinária do Comitê de Política Monetária (Copom) e, com isso, decidir por um novo aumento na taxa básica de juros, se no decorrer desta semana o mercado mantiver o nervosismo que vem apresentando.
Pior que o seu prognóstico - que prepara o mercado para o pior e antecipa a explicação do Comitê - foi o comentário de Pastore. Segundo ele ainda há espaço para elevação dos juros e contração monetária, dependendo de como ficar a economia argentina.
De juros altos Pastore entende. Ele foi presidente do Banco Central no tempo da ciranda financeira, em que era proibido produzir. O importante era especular.
No cenário de manutenção do nervosismo, Pastore avalia ainda que o BC continuaria também a colocar papéis cambiais no mercado de forma a evitar a volatilidade e o governo seria obrigado a promover um reforço do ajuste fiscal. Os instrumentos são esses que estão aí: juros, câmbio e ajuste fiscal, disse ontem, em entrevista à Agência Estado, durante reunião do Conselho de Economia e Estatística da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
Na opinião de Pastore, não há timidez por parte do BC, diante do nervosismo do mercado nos últimos dias. Há apenas cautela para usar os instrumentos no momento oportuno. O BC só não reagiu mais porque não sabe como vai ficar a Argentina, afirmou Pastore. Por isso, o economista considera possível que, até o fim do ano, a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como meta da inflação, não ultrapasse o limite estabelecido em 6%.
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