Gustavo Fanaya, de Curitiba: ‘‘A FNP Consultoria, cinco meses atrás, profetizou que o preço da carne se manteria em ascensão e teria suas maiores altas entre novembro e janeiro, período em que a arroba do boi chegaria a R$ 48,00 (Folha do Paraná 30/9/00). Tal profecia foi proclamada pelo sr. Victor Abou Nehmi Filho, no dia anterior.
No mesmo dia os negócios eram fechados a R$ 42,00/arroba. Desde aquele dia, até o dia 1º de fevereiro de 2001 (véspera do anúncio do embargo canadense), a arroba caiu para R$ 41,00 em 25/9, para R$ 40,00 em 8/12; R$ 39,00 em 11/12, mantendo-se neste valor até a declaração do embargo. A redução de R$ 3,00/arroba representou uma queda de 7% em apenas 70 dias, ou R$ 50,00 a menos por cabeça para os pecuaristas.
Após lermos a entrevista concedida pelo sr. J. V. Ferraz, na sua coluna de 15/2, voltamos a alertar sobre os riscos de se veicular opiniões que têm claro objetivo de induzir os agentes econômicos da cadeia produtiva da carne bovina no Paraná e no Brasil. E os riscos em questão são reais, mensuráveis monetariamente. Novamente a projeção é de alta do preço do boi. Convém reportarmo-nos para julho de 99, seis meses antes da proibição da comercialização (janeiro/00) de animais para abate do MS para os Estados da chamada área livre.
A arroba do boi era negociada no Paraná ao preço máximo de R$ 30,00 em 5/7/99 (dados da FNP). O fechamento do MS elevou o preço para R$ 40,00 em 11/1/00. Agora o gado do MS foi novamente liberado e o fluxo de comercialização do maior maior rebanho nacional foi restabelecido. Pergunta-se qual será o preço de equilíbrio? Só o mercado poderá responder. A única certeza que se pode ter é a seguinte: a história da vaca louca não é o único nem sequer o principal fator a influenciar o sempre instável e imprevisível mercado da carne bovina.’’
Justino F. Gomes, de Cianorte: ‘‘Entre o preço da farinha de mandioca no atacado da Bolsa e os preços pagos aos produtores há uma disparidade brutal. Ou os valores estão exagerados, ou alguém está ficando com uma margem muito gorda de lucro, em plena crise do setor, o que é lamentável, principalmente pela função social da farinha de mandioca e sua importância na dieta do brasileiro. O preço da raiz a R$ 55,00 ainda dá para obter uma pequena margem de lucro, se a produtividade for boa, mas é preciso que alguém faça alguma coisa para evitar que esta situação fique mais grave. Uma boa medida para nós produtores e para a própria indústria seria a volta da farinha na cesta básica - como defende esse jornal - pois o governo é nosso maior cliente.’’
Nota : Justino Ferreira Gomes é empresário em Cianorte e tem fazenda em Terra Boa. Ele planta 80 alqueires de mandioca como parte do processo de recuperação de pasto. Agradecemos a colaboração e informamos que o setor mandioqueiro tem reunião marcada para o dia 3 de março em Paranavaí para tentar uma solução para a crise.
Pedro Branco , de Londrina: ‘‘As matérias veiculadas na imprensa, durante a semana, repercutindo o veto brasileiro à carne argentina, trouxeram algumas informações que já eram esperadas. A averiguação da suspeita dos produtores com a presença da comissão brasileira em território argentino e as declarações do presidente das Confederações Rurais Argetinas, Manuel Cabanellas: ‘‘É lamentável o que ocorreu (focos de aftosa) e só agora as coisas parecem ficar mais transparentes’’, confirmaram o que já sabíamos. Mas, vale lembrar que a posição adotada pelo governo brasileiro, culminando com as medidas adicionais de vigilância sanitária, foram oportunas. Gostaria apenas de aproveitar o espaço para fazer algumas sugestões às autoridades brasilerias. O tratamento dado ao rebanho bovino argentino deveria ser estendido ao uruguaio, com um melhor acompanhamento da sua origem. O volume insignificante que importamos da Argentina (em 1999, 9.112 t), poderia ser substituído pela carne brasileira: restaurantes e churrascarias deveriam buscar alternativas de abastecimento com o rebanho brasileiro. Não podemos esquecer que o nosso gado é o mais saudável do mundo.
Nota :Pedro Branco é diretor de atividades agrícolas da Sociedade Rural do Paraná.
Newton I.S. Carneiro Júnior, de Ribeirão do Pinhal: ‘‘O plano de retenção do café, decididamente, fracassou. A Federação do Comércio de São Paulo realizou mesa-redonda no último dia 12 sobre as dificuldades enfrentadas pela cadeia café. Presentes representantes da produção, indústria e exportação.
A reunião conseguiu a unanimidade dos setores: são todos contra a retenção. Vejamos: 1) Os exportadores por perderem rendas no exterior, 2) Os industriais de solúvel por precisarem da matéria-prima para exportação e porque precisam da competitividade, 3) Os torrefadores, por estarem vendendo 30% mais barato do que um ano atrás, embora seus custos tenham aumentado, 4) Os produtores por estarem descapitalizados, sem crédito e terem seus cafés comprados por preço vil. Considerando o fracasso da retenção que foi feita, ao final, uma pergunta ao sr. Gilson Ximenes do CDPC: Qual a proporção da retenção entre cafés arábica e robusta retidos pelo Brasil? Se nem quem inventou a retenção sabe responder, imagine os cafeicultores. Ao encontro compareceram: o presidente da Sociedade Rural Basileira (Luiz Hafers), da indústria de torrefação, Abic (Nathan e Américo Sato), a Abic’s (J.Macedo), além de corretores de Guaxupé e Gilson Ximenes e Rui Queiroz do CDPC.’’
Nota Newton Isaac da Silva Carneiro Júnior é presidente da Associação Paranaense de Cafeicultores.