Oswaldo Petrin
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 07 de fevereiro de 2000
Dívida das cooperativas
A semana que começa terá mais um embate entre cooperativas e governo, agora para mudar a redação da Medida Provisória assinada na sexta-feira. A MP altera o Programa de Revitalização das Cooperativas (Recoop). Acontece que a nova edição da MP autoriza a União a assumir parcialmente os riscos das operações de financiamento de investimentos e de capital de giro previstos no programa até o montante de R$ 300 milhões e não o total dos R$ 862 milhões que vêm sendo negociados há quase dois anos.
Mas as cooperativas precisam que a União assuma a dívida por inteiro, segundo seus dirigentes. Portanto, a mudança feita pelo governo embora atenda a um pedido antigo das cooperativas pode não colocar um fim nas discussões.
Recordando: o Recoop, lançado dois anos atrás, prevê uma linha de crédito total de R$ 2,1 bilhões para as 322 cooperativas que foram enquadradas no Programa. Dentro deste montante R$ 1,238 bilhão seria utilizado para refinanciamento de dívidas antigas das cooperativas e os R$ 862 milhões restantes para novas operações de crédito para investimentos e capital de giro.
Na verdade, as negociações entre cooperativas e governo envolvendo aí também a bancada ruralista e a Frente Parlamentar de Cooperativismo nunca chegaram a um ponto convergente desde que o Recoop foi concebido. As cooperativas vinham reclamando que nenhuma operação de refinanciamento e liberação de novos recursos para investimentos e capital de giro tinha efetivamente sido aprovada pelo Banco do Brasil e demais instituições financeiras envolvidas. Os bancos recusavam assumir os riscos das novas operações de crédito, e só aceitavam fazer a rolagem das dívidas antigas das cooperativas enquadradas no programa.
Como ficaria? Uma nova edição da MP, no desejo das cooperativas, deve incluir a divisão, entre Tesouro e bancos, dos riscos nos empréstimos do Recoop concedidos para investimento e custeio. O receio das instituições financeiras em assumir sozinhas eventuais perdas nas operações é a principal razão para que até agora só duas das 322 cooperativas habilitadas ao programa no início de 1999 tenham conseguido assinar os contratos.
As cooperativas, principalmente as dos três Estados do Sul, devem decidir esta semana pela suspensão do Manifesto do Cooperativismo Brasileiro, marcado para o dia 15 na Câmara dos Deputados, em função de um fato novo que é a MP. Em lugar de um manifesto mais incisivo as centrais vão optar por novas negociações para persuadir o governo a assumir os riscos do montante das dívidas.
LEITURA DINÂMICA
-A Abic (representa a indústria de torrefação e moagem de café) está comemorando. É que em meio a denúncias na imprensa sobre alta do preço do café no varejo, o produto não figura entre os que mais subiram.
-Pelo menos não figura na pesquisa Datafolha, referente à semana passada, auge do aumento do café, segundo reportagem especial na Globo.
-Os hortifrutigranjeiros lideraram a alta da semana passada nos supermercados, com 6,86%. Nos hipermercados, a maior alta ficou por conta do preço da carne, que subiu 3,91%.
-Entre os produtos que baixaram de preço nos supermercados, destacaram-se o feijão (9,13%) e os enlatados (1,84%).
-Nos hiper, as maiores quedas foram verificadas também no preço do feijão (4,82%) e do óleo e azeite (3,34%).
A pesquisa Datafolha apura preços de alimentos e produtos de higiene e de limpeza toda semana em 18 supermercados e 15 hipermercados de São Paulo. Nesta semana, o Datafolha coletou 6.839 preços.
-Em outra pesquisa do instituto, incluindo apenas alimentos básicos, os
preços nos supermercados paulistanos caíram em média 0,32%.
DROPS
Leilão/café O mercado cafeeiro terá mais uma semana fraca. A cautela é por causa da aproximação dos leilões. O programa saiu na sexta-feira.
Leilão 2 Os leilões começam no dia 23 de fevereiro, quarta-feira, e vão até 20 de dezembro. Sempre às quartas-feiras: 22/3, 19/4, 24/5, 21/6, 19/7, 23/8, 20/9, 25/10, 22/11.
Volume A Conab informou à Corretora Bourbon, de Londrina, que o volume a ser leiloado vai depender das necessidades do mercado. Não é uma boa notícia para os produtores.
Conta-gotas Cafeicultores podem segurar o produto como um atídoto ao efeito dos leilões, considerados derrubadores de preços.
Inverno Até a entrada do inverno só estão vendendo da mão para a boca. Querem chegar em maio/junho com bastante café na tulha em caso de eventual geada.
Essencial Segundo analistas de mercado, cafeicultor só vai vender a mercadoria quando não consegue recursos para o custeio. A idéia é deixaro mercado bem enxuto.
Milho As ofertas de milho para o mercado futuro (após 14/5) estão crescendo. Produtores do Paraná estão correndo atrás dos compradores para aproveitar as cotações favoráveis. Fonte: Brandalizze Consultoria.