Com o pé na espiral
Ironia: justamente nestes dias em que vários economistas do governo -e alguns independentes - fazem projeções otimistas para estabilidade econômica, incluindo entre as ‘‘variáveis positivas’’ a manutenção do preço do petróleo e entre os ‘‘fatores favoráveis’’ a manutenção dos juros no patamar conservador de 19%, eis que o petróleo é reajustado (a partir de 1º de março).
Não interessa o tamanho do impacto nos índices aferidores da inflação. O reajuste, contrariando o que dissera o presidente FHC em janeiro, sugere que o governo não fala a mesma linguagem e que o caminho está aberto para especulações.
Como nos velhos tempos em que os aumentos nos preços do petróleo e derivados - determinados pela poderosa Petrobrás - puxavam a inflação, também hoje, em tempo de demanda reprimida e salários achatados, o petróleo, porque é controlado pelo governo, é o agente privilegiado do contexto.
O aumento no preço dos combustíveis autorizado ontem pelo governo vai ter um impacto de 0,15 ponto percentual no IPC (Indice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Levou-se em conta um aumento de 5% nos postos distribuidores.
Não parece nada mas com esse aumento a Fipe mudou a previsão da taxa de inflação para o mês de março. Trabalhava com estimativa de inflação zero, ou até de deflação. Mas, agora, a previsão para o próximo mês é de 0,15%. Se o consumidor comum já não acredita em inflação zero, agora é que ele vai desacreditar.
Os dados estatísticos são incontestáveis; o problema é trabalhar com médias. As médias falseiam a realidade de cada consumidor ou agente do mercado. As médias são responsáveis por heresias como esta, divulgada ontem: a cada R$ 100,00 gastos pelas famílias, R$ 2,65 são com gasolina. No caso do diesel, o peso é de 0,03%.
Com demanda reprimida, salários achatados, desemprego, juros altos, enfim o consumo preso a uma camisa de força, Malan segura a inflação como alguém que está pisando sobre uma mola espiral. Se puxar o pé, a mola pula alto. Se não conter a voracidade da Patrobrás, nem pelo estômago o governo vai segurar a inflação no segundo semestre.



LEITURA DINÂMICA
-A Cia. Cacique de Café Solúvel, exportadora de café para 47 países, acaba de lançar sua homepage: www.cacique.com.br. Assuntos disponíveis: histórico, divisões do grupo, produtos, marcas, opiniões...
-Em business ‘‘mercas próprias’’ Cacique disponibiliza informações às empresas como supermercados que queiram colocar sua própria marca nos produtos Cacique. No mesmo side, há o serviço de atendimento ao cliente (SAC).
-Hoje, às 14 horas, na prefeitura de Guaraci, a Secretaria da Agricultura fará entrega de recursos do ‘‘Paraná 12 Meses - Funparanᒒ.
-Terceira no ranking das maiores do País, a Itaú Seguros teve lucro líquido de R$ 142,6 milhões em 99, aumento de 130% em 12 meses. Carteira de sinistros foi saneada, informa a ‘‘Máquina da Notícia’’.
-É a primeira a divulgar seu balanço pela Internet. Mais informações www.itauseguros.com.br

DROPS
Café/queda Semana termina em baixa para o café. Contratos de julho fecharam com -390 (101,70 cents de dólar/libra-peso) na Bolsa de NY. Pior indicador foi o de maio: 99,35 cents de dólar/libra-peso.
Café/Bourbon Comentário da Bourbon Corretora: ‘‘Intensa liquidação de contratos levou as cotações ao menor nível desde outubro, abaixo do patamar de um dólar por libra-peso.
Especulação Operadores não-comerciais, fundos e especuladores que ajudaram a alta no período da seca, agora pressionam o mercado com liquidações contínuas. Os pequenos já debandaram do mercado.
Cenário Há um mercado de liquidação de contratos maior do que seria absorvido no mercado físico. No Paraná ontem não houve negócio.
Até quando? Situação só muda quando os países consumidores - atualmente estocados - voltarem no mercado. APPC demorou para acionar política de retenção; Não previa queda repentina.
Previsão Tudo começou com a previsão da Embrapa, muito acima do que o mercado estava apostando (e fazendo posição). Café tipo 6 para melhor caíram de R$ 230,00 em dezembro para R$ 170,00 esta semana.