Oswaldo Petrin
PUBLICAÇÃO
domingo, 30 de janeiro de 2000
Horror do palmito
Cidadão veicula na Internet que dispõe de palmito de alto padrão e sem aditivos químicos; que o preparo, embora artesanal é higiênico. Mas chama mesmo a atenção para o manejo: não foi extraído de florestas naturais, não devastamos as matas, somos ecologicamente corretos; o cultivo é comercial cujo desbaste segue orientação técnica (?). Nem precisava falar em desbaste, afinal é plantio comercial.
Pensei logo: com certeza esta fabriqueta não é do Paraná. Ou pelo menos não é do litoral paranaense. Os vendedores de palmito do Paraná, aqueles que atuam por aí na região de Morretes, Antonina, Alexandra (nem todos, é claro) parecem não prezar a questão ambiental. São clandestinos e não têm preocupação em declarar a origem, até porque boa parte do palmito é subtraído de propriedade alheia. Mas também não têm que explicar nada, afinal não há fiscalização, nem da saúde, nem da Agricultura, Iap; governos do Estado e municipais fecham os olhos.
Lembrei do anúncio - e da devassa impune no Litoral paranaense - ao ver a notícia da AE, na última sexta-feira.
Seguinte: as empresas que exportam palmito em conserva para o Brasil, além da inspeção de rotina, terão que obter um Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle para Exportação, do governo federal, para manter seus produtos no mercado brasileiro. A exigência é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVS), que divulgou resolução com as normas que as empresas exportadoras de palmito deverão cumprir.
Burrice! Se é um produto cuja entrada não deve ser barrada - embora, convenhamos, deva ter regras bem definidas -, este produto é o palmito. Pelo menos assim o consumo de clandestino tende a diminuir.
A não ser que a nossa falta-de-higiene é melhor do que a falta-de-higiene dos outros. Que os microorganismos do nosso palmito sejam melhores que os microorganismos do palmito dos outros.
Para se enquadrar às normas da Vigilância Sinitária, o palmito terá, necessariamente, que ter sido retirado de palmeiras sadias por meio de descascamento e corte, estar imerso em água, especiarias e outros ingredientes e processado (acidificado e pausterizado pelo calor) de maneira que o produto esteja isento de microorganismos capazes de se reproduzir no alimento.
A ANVS exige também que o palmito apresente boas condições de armazenamento, distribuição e comercialização, e esteja embalado hermeticamente para evitar a entrada de microorganismos.
Depois de cumpridas essas regras, os exportadores de palmito para o Brasil terão que preencher o roteiro de inspeção, um fomulário contendo itens que permitirão aos órgãos de fiscalização fazer uma avaliação das condições sanitárias do estabelecimento, os procedimentos de produção, o produto, além de outros aspectos indispensáveis à boa sanidade.
LEITURA DINÂMICA
-É bom que o consumidor conheça algumas das normas. E que se lembre de algumas delas na hora de comprar o produto por essas beiras de estrada afora.
-De acordo com a resolução, o palmito pode conter ingredientes opcionais como sal, sacarose, xarope de açúcar, xarope de glicose, xarope de glicose seco e vinagre.
-Além disso, o produto deve ter cor característica - variando do branco a branco ligeiramente rosa, creme, cinza ou amarelado -, não apresentar marcas de faca, arranhões ou pedaços quebrados ou pequenos.
-O palmito precisa ainda estar acondicionado em embalagens metálicas (latas) ou vidro com lacre, além de atender a todos os critérios e padrões macroscópios, microbiológicos e microscópios para obter a certificação.
DROPS
Confiança Na segunda-feira: Um ano após a desvalorização do real, os empresários demonstram confiar na recuperação da economia. Pesquisa com 1,1 mil indústrias de transformação levou a FGV a prever um crescimento de 4,5% nas atividades delas este ano.
Desconfiança Você tem certeza que encotraria amanhã, segunda-feira, notícia semelhante? Então você não acredita num navio chamado FED. O Federal Reserv, Banco Central norte-americano é como um navio: quando ele se movimenta, mexem-se todos os barcos do oceano.
No centro crise O Fed aumentará os juros para desaquecer a
economia e esvaziar a bolhas nas Bolsas. Tomara que consiga.
Aquecimento Há semanas se fala em alta dos juros nos EUA. Mas, agora a medida será tomada em cima de estatísticas que sinalizam um aquecimento muito forte na economia americana.
Salários Aliada a isto há a questão salarial. Altas reais e reajustes vêm aumentando o volume de compras e pressionando a inflação.
Chicago explode Com aumento das taxas de juros norte-americanas, os fundos de investimentos vão migrar para os fundos de commodities. Nesta altura o preço da soja vai às nívens nos contratos futuros. Reflete aqui, sem dúvida. Mais que a seca escamoteada pelo governo.