Soluções para as cidades do futuro, como postos de recarga para carros elétricos, transformação de esgoto em energia e semáforos inteligentes foram apresentadas e debatidas na quarta-feira e quinta-feira (28 e 1º) na Smart City Expo Curitiba, a edição brasileira do maior evento do mundo sobre cidades inteligentes. Entre os expositores, esteve a Copel, que deverá inaugurar no próximo mês sua primeira estação de recarga para carros elétricos. A unidade experimental será instalada na sede da companhia, que fica no quilômetro 3 da Rodovia do Café, no bairro Mossunguê, em Curitiba.

Segundo o engenheiro Zeno Nadal, da Superintendência de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel, o preço da energia para o abastecimento de veículos será de R$ 0,70 por quilowatt-hora. "Será possível encher o tanque com R$ 15", afirma. A autonomia para os veículos elétricos disponíveis no mercado brasileiro é de 200 quilômetros e a recarga completa demora 30 minutos (para outros modelos, a autonomia pode chegar a 400 quilômetros). O usuário poderá pagar o abastecimento junto com a conta de energia elétrica — para isso, é preciso ter o aplicativo da Copel instalado no smartphone.

A ideia, segundo Nadal, é espalhar estações por todas as unidades da Copel no estado. "Dos 399 municípios paranaenses, a Copel está presenta em 396. Se cada uma das unidades e dos postos de atendimento tiver uma estação, a maior distância entre elas será de 80 quilômetros, dentro da autonomia dos veículos", explica o engenheiro.

No futuro, existirá a possibilidade de os "postos de energia" serem explorados pela iniciativa privada. Isso depende de uma regulamentação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), pois atualmente a venda de energia só pode ser feita pelas distribuidoras.

Hoje, o custo do equipamento é de R$ 150 mil — ele é feito com componentes italianos, portugueses e norte-americanos. A Copel trabalha para desenvolver uma estação feita apenas com componentes nacionais. "A ideia é desenvolver uma tecnologia nacional", diz Nadal.

Assista à explicação de como funciona o abastecimento do carro elétrico:


Outra empresa que expôs seus produtos na Smart City Expo Curitiba foi a Dataprom, que desenvolve semáforos inteligentes e está presente em 250 cidades brasileiras, entre elas Londrina. Segundo Reginaldo José de Oliveira, representante comercial da Dataprom, 60% dos semáforos da cidade estão conectados a um software desenvolvido pela empresa. No Rio de Janeiro, 100% da rede está interligada por este sistema.
O semáforo inteligente tem uma câmera que monitora o fluxo de veículos em uma determinada via. Dependendo da quantidade de carros, o ciclo do semáforo aumenta, dando mais tempo para escoar o tráfego. O sistema também pode ser utilizado no transporte coletivo. "Se o ônibus está para passar, o sistema identifica e aumenta o tempo do semáforo aberto, para priorizar o transporte coletivo", explica Oliveira.




PALESTRAS
Com a plenária principal lotada, mais de 800 participantes ouviram nesta quinta-feira o testemunho da britânica Tia Kansara, da Replenish Eart, especialista em cidades sustentáveis. O tema foram as transformações que o blockchain pode trazer para cidades inteligentes. "Em 2050, teremos 66% da população mundial vivendo em cidades. É quase o dobro da nossa realidade atual. Para os problemas multidimensionais que esse cenário vai gerar, precisamos de soluções tecnológicas multidimensionais. Nesse sentido, o uso de blockchains remove a necessidade de intermediários como instituições governamentais e bancárias no gerenciamento das relações entre pessoas e empresas", afirmou ela.
Também entre os palestrantes, participaram da Smart City Expo Curitiba o jornalista André Trigueiro, especialista em gestão ambiental, o arquiteto e engenheiro Carlo Ratti, que dirige o Senseable City Lab do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), o arquiteto Jorge Perez Jaramillo, responsável pela evolução urbana de Medellín, na Colômbia.
Segundo a organização, cerca de 8 mil pessoas passaram pelo Expo Renault Barigui no dois dias do evento.