Os funcionários da montadora Audi/Volkswagen começaram ontem pela manhã uma greve por tempo indeterminado. Mil e quinhentos metalúrgicos que deveriam iniciar o trabalho no turno da manhã se recusaram a entrar na fábrica às 6 horas. Eles dizem que só voltam ao trabalho se a direção da fábrica incorporar aos salários 8,44% de remuneração variável.
Uma nova rodada de negociações foi marcada para hoje, as 9h30, na Delegacia Regional do Trabalho. A Audi não se manifestou sobre a paralisação. A Polícia Militar foi acionada para garantir o direito de trabalhar daqueles que não aderissem ao movimento. Apenas os funcionários da diretoria executiva trabalharam ontem de manhã. ‘‘Os diretores não acreditavam que os trabalhadores parariam, mas ninguém quis entrar e a greve é por tempo indeterminado’’, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka.
Cerca de 800 trabalhadores do turno da tarde também desistiram de entrar na fábrica e houve um início de confronto entre a PM e os metalúrgicos que queriam participar da assembléia prevista para 14 horas. Os policiais tentaram impedir que os metalúrgicos que chegavam descessem do ônibus para ouvir a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, que estava em frente ao portão principal.
Atendendo à ordem dos policiais, o ônibus entrou na fábrica em alta velocidade. A polícia tentou mais uma vez conter a locomoção dos metalúrgicos e houve um corpo-a-corpo que deixou alguns trabalhadores machucados, segundo informou o diretor do sindicato Claudio Gran.
Os cerca de mil funcionários do turno da noite também deveria aderir à paralisação. A negociação de reajuste salarial não é a principal responsável pela greve. O sindicato requereu 6,9% de reajuste pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC), mais 10% de aumento real. A empresa aceitou conceder grande parte do reajuste.
Segundo o presidente do Sindicato, se a direção da fábrica incorporar a remuneração variável ao salário os metalúrgicos voltam ao trabalho. O salário variável representa os índices de inflação dos anos de 1997 e 1998 que ao invés de serem incorporados aos salários, passaram a compor um rendimento à parte. ‘‘Da forma como está, os trabalhadores perdem muitos benefícios, por isso exigimos a incorporação.’’
Outra reivindicação é a redução da jornada de trabalho de 44 horas semanais para 40 horas até o final de 2000. A empresa aceitou reduzir para 43 horas agora e 42 horas em 2001. A fábrica é a única montadora da região metropolitana que ainda não assinou o contrato coletivo de trabalho com os metalúrgicos. (Colaborou Vânia Casado)