O'Neill deixa olheiro no Brasil para ver sucessão
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quarta-feira, 07 de agosto de 2002
Agência Estado
Brasília - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, foi embora mas deixou um olheiro no Brasil encarregado de colher mais informações sobre o processo eleitoral e a situação da economia.
Enquanto O'Neill, enfrentava protestos na Argentina - depois de um dia e meio entre Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, e uma rápida passagem pelo Uruguai - um representante da equipe do secretário norte-americano, acompanhado de técnicos da embaixada e da área econômica do consulado dos EUA em São Paulo, mantinha contatos com instituições financeiras que operam no Brasil para falar sobre o País.
A maior preocupação do representante do secretário do Tesouro dos EUA era com o primeiro semestre do ano que vem. Na hipótese de um dos candidatos de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva ou Ciro Gomes, ganhar a disputa, ele queria saber qual a opinião do setor privado com relação ao ''tom'' do próximo governo. A avaliação é de que mesmo que Lula e Ciro tenham se comprometido publicamente com pontos considerados fundamentais, como responsabilidade fiscal, controle da inflação e respeito a contratos, alguma flexibilidade pode ser adotada.
''A dúvida maior é saber qual seria o grau de flexibilidade para metas que vierem a ser acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI)'', diz uma graduada fonte que participou de um dos encontros. Questões do tipo: qual a seria a recomendação para estrangeiros que operam no País ou o que deve se temer em relação a cada um dos candidatos foram colocadas à mesa pelo representante do Tesouro norte-americano.
''Considerando que os candidatos não são iguais, a dúvida é qual a diferença entre cada um'', completou. Segundo ele, o governo norte-americano não trabalha com nenhuma ruptura brusca do modelo econômico atual, entretanto, uma vitória da oposição teria algum grau de mudança.
Como a preocupação do Tesouro dos EUA e do Fundo Monetário Internacional (FMI) é assegurar o ajuste nas contas públicas e o controle da inflação, ''eles querem avaliar bem cada opção para saber até que ponto isso poderia ser comprometido'', disse uma outra fonte que manteve contato com os representantes do governo norte-americano.
Por causa dessa indefinição no cenário político, assegura, o novo acordo do Brasil com Fundo prevê a liberação da maior parte dos recursos apenas no ano que vem. ''O importante para o governo é sinalizar que, nesse momento de turbulência, ele conta com apoio financeiro externo mas o futuro ficará nas mãos do novo presidente'', avalia a fonte.
