Imagem ilustrativa da imagem OIE reconhece o PR como área livre da aftosa sem vacinação

Reconhecido pelo Governo Federal como área livre da febre aftosa sem vacinação desde o ano passado, o Paraná e outros cinco estados brasileiros passam a contar, também, com o reconhecimento da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) a partir desta quinta-feira (27). A homologação ocorreu em uma cerimônia online vai ser realizada em Paris, país sede da instituição. Para representantes de entidades e pecuaristas ouvidos pela reportagem, o reconhecimento abrirá caminhos para novos negócios. Além disso, deverá consolidar a pecuária e a suinocultura paranaenses em mercados exigentes, que ainda não consomem carnes de países que realizam a vacinação contra a doença., como Japão, Coreia do Sul e México.

“O Paraná lutava há décadas por essa chancela, que vai mudar o patamar de produção da pecuária paranaense, que já é bastante forte. Com o apoio das entidades do setor produtivo, organizamos toda a estrutura de sanidade animal e fizemos a lição de casa”, afirmou o governador Ratinho Junior.

“Nossos rebanhos já não são mais vacinados e há anos o vírus não circula mais no Estado. Esse reconhecimento vai ajudar a abrir mercado para a carne produzida no Paraná, ampliando os investimentos no Estado, que vão gerar mais emprego e renda para a população”, acrescentou.

Fundada em 1924 e formada por 152 países, a OIE é a principal autoridade internacional em saúde animal. Além de realizar o registro e a distribuição de informações, a entidade é responsável pela padronização de métodos diagnósticos e o desenvolvimento de guias para o comércio entre os países membros baseados em pesquisas científicas sobre doenças.

Além do Paraná, outros integrantes do Bloco 1 do PNEFA (Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa) passam a contar com o reconhecimento. São eles, o Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso. Até agora, apenas Santa Catarina, que deixou de vacinar os rebanhos contra a doença em 2000, já contava com o reconhecimento da OIE, o que foi conquistado sete anos depois. Agora, o Brasil passa a ter 20,7% do rebanho bovino e 47,2% do suíno não vacinados em áreas livres da doença.

Para o presidente do Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná, Reno Paulo Kunz, o reconhecimento representa a queda de barreiras comerciais que ainda estavam presentes. “Europa, Estados Unidos, Japão, países que têm um controle sanitário mais rígido. São nichos de mercado que pagam mais e exigem melhor qualidade tanto dos produtos, quanto sanitárias. Os benefícios são grandes, maior volume de venda e maior no valor”, explicou.

Sem registrar casos de febre aftosa desde 2006, o Paraná realizou a última campanha de vacinação em 2019. Naquele ano, 97% do rebanho paranaense foram vacinados. Na região Noroeste, a que possui o maior rebanho bovino, cerca de 99% das cerca de duas milhões de cabeças de gado foram vacinadas contra a doença naquele ano.

O produtor rural da região de Cascavel, Agassiz Linhares Neto, também está confiante com a entrada do gado paranaense no Japão, que até os dias de hoje não aceita carne de países em que a vacinação ainda é realizada. "Vai existir uma abertura, além de um reconhecimento da sanidade do Estado para a produção agropecuária e isso acaba implicando em suínos e ovinos”, comentou.

Questionado, Neto avaliou que o esperado crescimento da demanda para o mercado internacional não deverá implicar o aumento dos preços da carne no Brasil. Isso porque 80% da produção brasileira atendem ao mercado interno. “Essa diferenciação vai continuar existindo porque a produção é muito grande, mas possibilita o acesso a mercados que paguem mais. E o mercado interno vai poder aumentar o consumo, já que diminuiu nos últimos meses devido à pandemia. Há uma busca por essa estabilização voltando aos patamares de antes”, avaliou.

A luta contra a febre aftosa no estado do Paraná remonta ao começo de 1968. Preocupada com os prejuízos causados pela febre, que causa perda de peso e outros danos à saúde do animal, a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária) passou a empregar esforços cada vez mais rígidos para controlar a doença. Em 1979, mais de 1.500 focos foram registrados no Estado.