O apartamento de três quartos (sendo uma suíte), de 105 metros2, localizado numa rua central de Londrina foi levado a leilão pela Caixa Econômica Federal (CEF) na última quarta-feira por um lance mínimo de R$ 44.698,10.
Até aí nada demais, fora o fato de que a atual proprietária do imóvel alega que já pagou mais de R$ 60 mil e, mesmo assim, para continuar sendo dona do imóvel, terá que quitar o saldo devedor que há um ano era de mais de R$ 95 mil.
A filha da proprietária, A.C.C., (que preferiu não se identificar) conta que a mãe adquiriu o apartamento em junho de 1992 por meio de um ‘‘contrato de gaveta’’, deu um sinal de R$ 15 mil e continuou pagando as prestações, ‘‘que só subiam’’, até agosto de 97. Nesta data, a prestação era de cerca de R$ 650,00. ‘‘É injusto porque minha mãe já pagou pelo apartamento e continua devendo’’, afirma a filha.
Na renegociação, a Caixa teria proposto que a mutuária pagasse as prestações atrasadas, que somavam cerca de R$ 20 mil, para que a mutuária tivesse desconto na dívida. A filha conta que o imóvel já foi a leilão numa outra oportunidade cotado em mais de R$ 100 mil mas ninguém se interessou.
Para tentar resolver o problema sem ter mais prejuízos, a mutuária entrou com uma medida judicial pedindo o reembolso do dinheiro pago pelo imóvel ou a que a Caixa reveja a sua dívida.
O advogado Elezer da Silva Nantes, que assessora diversos mutuários com problemas de financiamento, afirma que ‘‘as prestações sobem de uma maneira maluca.’’
De acordo com ele, mesmo recorrendo à Justiça, os mutuários correm o risco de perder o imóvel porque geralmente, os tribunais federais têm dado pareceres favoráveis ao sistema financeiro. Por outro lado, Nantes aponta que quando tenta a renegociação, o mutuário corre o risco de ter que abrir mão de direitos conquistados para obter algum benefício. (Luciano Augusto)