Entre os palestrantes brasileiros de sucesso, Gilclér Regina vem se destacando ao longo das suas mais de duas décadas de carreira. Tendo percorrido todos os cantos do país, ele já falou para as maiores empresas brasileiras, vendeu milhões de livros e se tornou uma referência em temas como liderança e motivação.

Em entrevista à FOLHA, o palestrante explica que teve uma infância humilde e, a duras penas, conseguiu concluir sua formação em Administração e atuou no Cebrae (Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa) por dez anos, antes de começar a dirigir empresas. Tendo o empresário Bill Gates como referência, ele deu seus primeiros passos no universo das palestras na década de 1990, ainda “vendendo o almoço para pagar a janta”, como costuma dizer.

“Eu entrei nesse mundo em um momento bom porque só se fala de Lair Ribeiro, Roberto Shinyashiki, Martins e outros nomes que despontavam. E eu começava a aparecer como um nome diferente”, citando que foi nessa época que, atendendo a um pedido após suas falas, escreveu sua primeira obra “No topo do mundo: motivados para vencer”.

Em um momento em que as redes sociais ainda estavam distantes da realidade do brasileiro, Regina lançou mão das tecnologias existentes para ficar conhecido. Ele conta que tinha o costume de escrever para jornais e enviar faxes com suas ideias. “Eles pegavam essas mensagens e colocavam no quadro-mural da empresa. Eu acabei descobrindo associações de supermercados, por exemplo, e começaram a contratar as palestras”, conta.

Nesse cenário, o palestrante explica que o início da sua carreira foi marcado pela conexão de pessoas, redes de relacionamento e a qualidade do serviço prestado, mesclando temas e dialogando com públicos diversos.

Foi assim que Regina, após uma palestra no Fórum Internacional de Administração, foi convidado para falar com as equipes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência); o resultado foi tão positivo que foi contratado para palestrar para pastas do Governo da Bahia e órgãos como a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e os Correios.

Hoje, com cerca de cinco mil palestras ministradas no Brasil e no exterior, tendo grandes empresas como clientes e parceiros.

PERFIL

Na avaliação de Regina, atualmente os treinamentos dialogam muito com o marketing digital e as ferramentas tecnologias, mas o tema do comportamento permanece intacto.

“Eu sou o tipo de autor que tenta fazer a plateia, de uma maneira muito natural, sorrir bastante, se emocionar e, nesse contexto, eu insiro o conteúdo”, explica. “Se você pegar uma convenção de vendas que eu fazia em 2003 e as que eu faço hoje, o contexto de comprometimento, de atitude do ser humano, de liderança, isso não mudou. Mas mudou a ferramenta de trabalho dessa equipe.”

É nesse sentido que o palestrante é enfático ao dizer que “ninguém tem o direito de ensinar aquilo que não sabe fazer”. Em um mundo digital em que “coachs motivacionais” se proliferam aos montes, a experiência e o conteúdo ainda são portos seguros.

“O mercado hoje tem um monte de gente que é do marketing digital e acha que, ensinou marketing digital, ficou rico. Mas se você pegar os grandes nomes do Brasil que lotam auditórios, você percebe uma coisa: ou é gente que tem contexto de experiência ou são pessoas que têm um foco em comportamento”, avalia Regina, que ressalta a importância de estar atualizado com as novas tecnologias, como a IA (Inteligência Artificial), por exemplo.

TREINAMENTO

Em suas falas, o palestrante explica que busca ressaltar que a educação é um aspecto vindo do berço, assim como o caráter e a moral, que são bases familiares. O treinamento “é o princípio da repetição”, destaca, pontuando a importância de as empresas colocarem o treinamento em sua cultura interna.

Em uma indústria, por exemplo, o treinamento prevê normas para que acidentes não aconteçam; em empresas de produção de alimentos, a qualidade é o ponto central; já na área de serviços, existem normas para o atendimento ao cliente.

“O treinamento vai formando um time. Você sai de uma condição de grupo, para uma condição de time”, exemplifica o palestrante. Para Regina, é fundamental a união entre as forças de trabalho dentro de um negócio, de modo que “o empresário é o capital e a equipe é o talento”, acrescenta.